São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Volks troca demissão por corte de benefício

CLÁUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O ponto de partida da reunião de ontem entre metalúrgicos do ABC e diretores da Volkswagen, que começou às 15h30 e não tinha hora para acabar, foi um pacote que prevê a redução de 20% nos gastos com benefícios aos funcionários da empresa.
Atualmente, a Volks desconta 1% sobre o salário de cada trabalhador para custear o plano de saúde. O plano custa para a empresa R$ 51,4 milhões por ano.
Segundo a Agência Folha apurou, a Volks deverá propor que esse índice de desconto seja aumentado para 2%. Além do plano de saúde, cada metalúrgico paga por mês R$ 12,00 pelo transporte e R$ 30,00 pela alimentação.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse, no entanto, que não há mais espaço, no momento, para cortar benefícios. Segundo ele, a montadora já havia feito ajustes nesses serviços no ano passado.
Além do corte nos custos, os dirigentes sindicais esperam que a Volks proponha um programa de demissões voluntárias a seus empregados.
O diretor sindical Geovaldo Gomes dos Santos, que faz parte da comissão dos trabalhadores que negocia com a Volks, disse ontem à Agência Folha que "muitos metalúrgicos" têm disposição de aderir ao possível programa. "Muita gente já está querendo sair da empresa há tempos, mas espera uma compensação para isso", afirmou.
Santos não soube calcular o número de trabalhadores que desejariam aderir ao programa.
Renan Cavalcante de Santana, da comissão de fábrica, estima que de 3.000 a 3.500 pessoas poderiam aderir a um possível programa de demissões voluntárias.
Há quase 24 anos na Volks, Santana disse que não acredita que a empresa abra esse programa, mas que apresente uma lista já com os demitidos. "Seria uma espécie de demissão branca", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Luiz Marinho, disse ontem aceitar negociar um programa de demissões voluntárias, desde que ele não seja direcionado aos aposentados.
"Se a empresa propuser um pacote de demissões voluntárias, não teremos nada a opor. Mas jamais vamos aceitar a postura de demissões voluntárias para aposentados", afirmou Marinho, um pouco antes da reunião.
Marinho, no entanto, disse ontem que iria negociar na reunião a flexibilização de jornada (trabalhar por três meses numa jornada de 32 horas semanais e, com a retomada da economia, compensar com 48 horas por semana) e mobilidade entre os metalúrgicos dos diversos setores dentro de um plano de férias alternadas.

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