São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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A batalha dos desenhos

CLÁUDIA PIRES
DE NOVA YORK

O reinado absoluto dos estúdios Disney no mundo da animação pode estar bem próximo do fim. Na última década, outros gigantes de Hollywood como a Fox e a Universal vêm investindo dinheiro em produções que pretendem roubar parte do mercado mundial de desenhos animados.
Durante mais de 50 anos, esse mercado de animação para cinema foi monopolizado pela Disney. Desde o lançamento de "Branca de Neve e os Sete Anões", em 1937, a companhia de Walt Disney é responsável por cerca de 80% da arrecadação anual com bilheteria e marketing em desenhos animados para cinema em todo o mundo.
Mas a disputa por uma fatia desse mercado esquentou muito nos anos 90. Uma das maiores investidas foi feita pela Fox neste ano, com o lançamento do desenho animado "Anastasia". A superprodução -que estréia no Brasil no próximo dia 25- já está em terceiro lugar em bilheteria nos EUA (veja texto nesta página).
Os produtores de "Anastasia" fizeram escola na Disney. O desenho animado foi idealizado e produzido por Don Bluth e Gary Goldman, dois ex-funcionários da Disney Corporation.
Essa não é a primeira investida da dupla em animação. Eles já trabalharam juntos em outras produções como "Fievel, Um Conto Americano" (1986) e "Todos os Cães Merecem o Céu" (1991).
O investimento em promoção para o lançamento do desenho é outra arma da Fox Animation Studios para atrair bilheteria. Nesse caso, o padrão também é Disney: camisetas, bonecos, CDs, jogos e outros apetrechos estão sendo lançados com o nome "Anastasia".
A produção, que custou US$ 53 milhões, teve um investimento em marketing e promoção maior que o do filme "Independence Day", um dos maiores lançamentos da Fox no ano passado.
Mais lançamentos
Outras companhias também preparam lançamentos de peso para o próximo ano. A DreamWorks, por exemplo -que também pertence a Steven Spielberg- deve lançar o desenho "The Prince of Egypt", baseado na vida de Moisés. A empresa também trabalha na produção de "Antz", um musical que deve contar com as vozes de vários artistas de cinema.
A Warner também deve lançar dois novos desenhos em 98: "The Quest for Camelot", que conta a história de uma garota que, na época do rei Arthur, procura a espada Excalibur, e "Iron Giant", sobre a estranha amizade entre um garoto e uma misteriosa máquina.
Os estúdios Disney não estão alheios a toda essa movimentação. Para tentar diminuir o impacto do lançamento de "Anastasia", a Disney relançou "A Pequena Sereia" nos cinemas norte-americanos (no Brasil, o filme deve reestrear em 16 de janeiro).
Esse desenho marcou o início das maiores bilheterias já alcançadas pela Disney em sua história. Lançado em 1989, "A Pequena Sereia" arrecadou US$ 89 milhões.
Outra arma da Disney para combater o desenho da Fox neste final de ano foi o lançamento do filme "Flubber - Uma Invenção Desmiolada", com Robin Williams.
"Star Wars"
Competir com a Disney em animação para cinema nem passava pela cabeça dos chefões dos estúdios Fox, Warner ou MGM até o final dos anos 70.
A mudança só veio em meados da década de 80, quando a Amblin Entertaiment, de Steven Spielberg, arrecadou US$ 47 milhões com o desenho animado "Fievel, Um Conto Americano".
Mesmo assim, os estúdios Disney ainda mantêm a liderança em recordes de bilheteria. "O Rei Leão" (1994), por exemplo, é considerado pela Disney o "Star Wars" dos desenhos.
A história do leãozinho que perde o pai e luta para se tornar rei arrecadou US$ 313 milhões em 1994, sem contar o retorno com vendas de material promocional e fitas de vídeo sobre os personagens da animação. De acordo com a diretoria da Disney Corporation nos Estados Unidos, os lucros totais da empresa com o desenho devem chegar a US$ 1 bilhão.
Esse resultado não foi alcançado nem pelo maior lançamento em animação feito pela Warner nos últimos anos: "Space Jam - O Jogo do Século" (1996). O filme, que contou com a participação do astro do basquete norte-americano Michael Jordan, arrecadou cerca de US$ 90 milhões.

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