São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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OS CAJÁS DOS AMADO

ESPECIAL PARA A FOLHA

Leia, abaixo, trecho do livro de Paloma Amado sobre o cajá e, logo a seguir, trecho de "Tocaia Grande" que cita a fruta.
"Tiperebá, cajá, cajazinha, são os nomes da mesma 'Spondia lutea', tão comum no Nordeste quanto no Norte do Brasil. O que importa mesmo é a fruta em si, uma das preferidas do escritor; ela tem sabor bem acentuado, muito perfume e alguma acidez. Na casa do Rio Vermelho tem uma cajazeira que carrega de frutos, depois forra o chão de amarelo e enche o ar com um aroma adorável...
Fruta amarela, da cor de oxum, orixá de Zélia, o cajá está na preferência de todos da família e dos personagens também: o padre Abelardo Galvão, em 'O Sumiço da Santa', provou e comprovou tratar-se a batida de cajá de um néctar dos deuses. Fadul Abdalla, o turco de 'Tocaia Grande', gosta da fruta ao natural, apanhada no pé, e a prefere às tâmaras de sua infância.
Em Angola, a cajazeira é chamada de munguengue; aqui ela também recebe o nome de ibametara, que significa 'pau para fazer enfeite de beiço', isso porque, com sua madeira, certas tribos indígenas faziam seus bodoques que são aquelas rodelas que os índios colocam no lábio inferior. Índios, africanos, turcos, brancos, misturando raças para formar nosso povo, são os brasileiros comedores de cajá."
*
"Cajás maduros espalhavam-se pelo chão sob a árvore em cuja sombra se abrigou do sol. Catou as frutas rindo de si próprio, tamanho homem nu... O Oriente citado por Fuad, a terra natal, perdera-se na distância, para reencontrá-lo seria preciso varar o mar de lado a lado no bojo dos navios. São outras as estrelas, as frutas também não lhe fazem nenhuma falta: prefere os cajás às tâmaras e de estrelas está bem servido."

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