São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Obra é para ser lida na varanda

NINA HORTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Lendo as receitas e histórias de nossos pomares, nós os muitos urbanos nos envergonhamos. Como? Conhecemos as maçãs, as peras e os figos e jamais passamos por perto de um araçá, graviola ou sapoti...
É que são frágeis (nos desculpamos), perecíveis, devem ser comidas frescas e há de ter competência para produzi-las, conservá-las e distribuí-las. E o Brasil é tão grande!
Outro dia, andando a pé pelos Jardins (bairro de São Paulo) com meu amigo Josimar, passamos por pitangueiras coalhadas de frutas. E ele me apresentou uma hipótese interessante. Que os paulistas, pelo menos os paulistas que passam por aquelas ruas, o carteiro, o menino de bicicleta, a babá, o rapaz que faz jogging, não sabem que aquilo é uma frutinha que se come. Se soubessem, como resistiriam?
Caetano Veloso, no seu "Verdade Tropical", fala de sua estranheza quando ouvia falar em rock de garagem. Eles não tinham garagem.
Daí nossa volumosa ignorância frutal e sabedoria roqueira. Nada como livros, livros a mancheias, que façam conhecidas as frutas brasileiras.
Quem sabe a partir deles não começamos um tímido pomar de uma árvore só, que seja?
Tenho como meus preferidos dois volumes de "Frutas, Brasil", do fotógrafo Silvestre Silva, da editora Empresa das Artes, que não é um livro de comidas, mas que todo curioso em comidas deve ter.
O livro de Paloma Amado é só de fruta como comida, bom para ser lido na varanda em tarde preguiçosa, bebericando uma água de coco gelada e descobrindo um pedaço novo de "Tieta do Agreste" ou de "Tereza Batista".
(NH)

Livro: As Frutas de Jorge Amado ou O Livro das Delícias de Fadul Abdalla
Autora: Paloma Amado
Lançamento: Cia. das Letras
Quanto: R$ ( págs.)

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