São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997 |
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Washington enfrenta o demônio
ADRIANE GRAU
Conversando com a Folha em Los Angeles, ele afirma que encara seu personagem no filme "Possuído" ("Fallen", sem data de estréia prevista no Brasil) -um detetive que se depara com um assassino em série tomado pelo semidemônio Azazel- como um instrumento de educação das massas. "Ele não tem fé no começo do filme, mas vai começando a acreditar em Deus aos poucos", afirma Washington. "A vida é assim, uma jornada em que ninguém tem que ter a 'Bíblia' nas mãos o tempo todo para ser fiel." Denzel Washington está aguardando o lançamento do filme "He Got Gone", em que foi dirigido por Spike Lee, e se prepara para estrear como diretor num projeto que prefere manter em segredo. * Folha - Por falar em demônio, você já se deparou com ele? Denzel Washington - Só quando eu tinha 12 anos e apanhava de outros garotos. Brincadeira. Eu acredito na bondade e acho que é mais poderosa que o demônio, se manifesta mais constantemente. Se existe o demônio, este opera em nossa percepção. Não tem poder de verdade para tocar na gente. Folha - Que análise você faria do crescente interesse da sociedade por anjos nos últimos anos? Washington - Não acho que seja coincidência que filmes como este estejam sendo feitos e que estejam falando tanto sobre demônio e Deus. As pessoas estão olhando ao seu redor e percebendo o que não funciona. Há mais terremotos, enchentes e desastres do que em qualquer outra época. Folha - Mas Deus estaria ganhando ou perdendo com isso? Washington - Não é um jogo. Folha - Você nunca duvidou do poder divino? Washington - Claro que sim. Quando meus pais se divorciaram e eu tinha 14 anos. Fiquei bravo, não entendi. Folha - Você já fez algo mau num filme? Washington - Terminei o filme "He Got Gone" com Spike Lee, no qual mato minha esposa, pego 20 anos de cadeia e perco contato com meu filho. Folha - Tendo sido escolhido o homem mais sexy do ano pela revista "People", você não tem vontade de fazer um filme romântico que explore esse lado? Washington - Romântico? Nem fazem mais filmes assim. Não me lembro do último filme que lançaram que eu gostaria de ter feito. Talvez "Harry & Sally - Feitos um para o Outro". Folha - Será que o cinema está se tornando menos racista? Washington - Quando eu era criança, não tinha nenhum cara negro por aí ganhando US$ 20 milhões por filme. Texto Anterior: Este é o tempo dos jovens Próximo Texto: 'Possuído' mete medo sem sangue Índice |
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