São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997 |
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Vítima é mais humana, diz autor
RODRIGO VERGARA
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida pelo policial no escritório da empresa de segurança em que sua mulher é sócia e na qual ele trabalha como instrutor. (RV) * Folha - O que o sr. acha de vir a público defender o uso da arma hoje, quando há campanhas de desarmamento em curso? Sérgio Olimpio Gomes - É, eu sei. O que pode parecer à primeira vista é que são cinco malucos na contramão da história. Mas somos pela paz, pelos direitos humanos. Mas primeiro somos pelos direitos dos mais humanos, que são as vítimas. A transformação do porte de arma em crime na legislação brasileira foi um tremendo avanço. Folha - Mas a proposta do livro é que as pessoas andem armadas, não é? Gomes - Sou a favor que usem armas as pessoas que têm capacidade técnica e psicológica e habilitação legal. No livro, damos ao cidadão de bem um caminho para que ele possa dar uma resposta efetiva em caso emergencial. Folha - O tiro, pelo que diz o livro, deve ser dado para matar. É isso mesmo? Gomes - É uma convicção nossa de que o tiro nos membros (braços e pernas) é um tiro muito difícil. A probabilidade de atingir o bandido é muito menor e a de atingir terceiros, muito maior. Esse tipo de técnica inexiste. Além disso, os calibres permitidos no país têm probabilidade de 60% de tirar um adulto de combate com um único tiro, o que é pouco. Folha - O que o sr. acha do desarmamento? Gomes - Acho que temos que tirar arma da mão do bandido. A arma que estava na mão do bandido continua lá. Folha - O sr. acha que uma pessoa assaltada deve reagir? Gomes - Sim, se ela se sentir em vantagem. Ela vai praticar ação que vai ser uma surpresa maior do que a que o marginal quer lhe proporcionar. Folha - O sr. acha que a ação da "gangue da batida" pode ser inibida por vítimas que reajam? Gomes - Um instrutor que tive em Israel dizia: 'pense dentro do sapato do criminoso', ou seja, o que ele mais quer é sair incólume de uma ação. O que precisamos é de uma reação da sociedade. Está muito fácil para o bandido hoje em dia. Por maior que seja a boa vontade dos órgãos de segurança pública, está na hora de o cidadão também se mobilizar e chegar ao ponto de, bem armado e preparado, poder agir em defesa de um terceiro. Texto Anterior: Livro de PMs defende armanento de civis Próximo Texto: TRECHOS Índice |
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