São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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UM ALERTA SOBRE OS BANCOS

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez um alerta sobre os riscos de uma política prolongada de juros altos sobre a economia brasileira. É aliás interessante notar que a análise da OCDE não se limita aos efeitos dos juros altos sobre as finanças públicas ou sobre o nível de atividade econômica. Segundo a entidade, se os juros altos forem mantidos por muito tempo poderão surgir "danos à saúde de algumas instituições financeiras" no Brasil.
O governo brasileiro aponta como vantagem da economia brasileira em relação às asiáticas o ajuste no sistema bancário, o qual já teria ocorrido aqui, em 1995. A preocupação da OCDE vai, porém, no sentido exatamente oposto. Não considera que o ajuste de dois anos atrás seja garantia de que o sistema encontrou seu ponto de equilíbrio.
É bom lembrar que o ajuste feito em 1995 ocorreu exatamente depois da crise mexicana, quando o governo brasileiro também teve de elevar os juros para defender o real.
A situação atual, se comparada à de 1995, tem como desvantagem o fato de que a economia já se desacelerava antes das medidas recessivas. Há dois anos o freio foi puxado numa fase de euforia e consumismo. Isto é, quando empresas e bancos tinham ainda "gordura" para queimar.
Entretanto, deve-se observar que a desaceleração que vinha ocorrendo joga também a favor de um cenário menos preocupante. Afinal, um dos indicadores cruciais para os investidores externos é o resultado que o país consegue obter no seu comércio exterior. Numa conjuntura que já é de queda no consumo, a contração movida a juros altos reduz com mais rapidez as importações.
Feito o ajuste recessivo, a questão será, então, a de como manter um déficit tolerável nas contas externas sem abusar dos juros altos. Ou seja, mais preocupante que a duração necessária ou suportável dos juros altos é a ausência de políticas e instrumentos para colocar em seu lugar.

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