São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997 |
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Rainha diverge de Stedile sobre atos pró-Lula
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
A eleição do petista vai para o segundo plano porque, segundo Rainha, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) já está "comprometido" com a reforma agrária. "A candidatura do Lula, da esquerda, sempre esteve na luta do MST, mas não temos como prioridade as candidaturas", disse Rainha, logo após a abertura do encontro estadual do MST, em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo). Rainha nega que o MST vá realizar invasões em massa para tentar provocar um desgaste do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no ano das eleições. Para o dirigente do MST, a causa dos sem-terra deve ser apartidária, embora considere provável o apoio dos líderes a Lula e a candidatos do PT. As declarações de Rainha sobre as próximas eleições contrariam a orientação de outro coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, que quer os sem-terra engajados na campanha petista. "Nossa luta não é de um partido político, é da sociedade", afirmou José Rainha. Stedile disse segunda-feira que o MST promoverá, a partir do início do segundo semestre de 98, marchas de conscientização em favor da candidatura de Lula. Segundo Stedile, o MST concentrará o trabalho pró-Lula nos cerca de 500 municípios onde mantém assentamentos. Ele afirmou que o MST vai promover "uma verdadeira missão para conscientizar a população do perigo de haver mais quatro anos de governo de Fernando Henrique Cardoso". Stedile não acredita que o apoio do MST a Lula possa prejudicar o candidato, por supostamente ligar a imagem do petista a um movimento "radical". Divergências É a segunda divergência pública entre os dois líderes do MST: enquanto Stedile criticava, Rainha dizia apoiar decisão da ex-sem-terra Débora Rodrigues de posar nua para a revista "Playboy". "Não há problema nenhum entre nós. É que o João Pedro tem um jeitão gaúcho de se pronunciar. É a pessoa que mais respeito", disse Rainha. Além das diferenças internas, o MST também espera resistências do próprio PT, no caso de haver uma mobilização dos sem-terra por Lula. "Parte do PT acha que a gente atrapalha. Outros querem", afirmou Delwek Matheus, 40, também coordenador nacional, que participa do encontro. "O mais importante é derrotar o presidente Fernando Henrique e o Ciro Gomes", disse. Texto Anterior: Para entender o caso Próximo Texto: Mais uma fazenda é invadida no Pontal Índice |
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