São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pitta anuncia que receberá R$ 725 milhões de socorro

Prefeito elogia disposição de FHC para auxiliar malufismo

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito paulistano, Celso Pitta (PPB), espera contar com cerca de R$ 725 milhões em empréstimos do governo federal já nos próximos dias. A informação e o número são do próprio prefeito, e os dados foram confirmados por sua assessoria.
O socorro do governo Fernando Henrique Cardoso à Prefeitura de São Paulo é uma das causas do atrito entre FHC e o governador Mário Covas (PSDB), provável adversário de Paulo Maluf (PPB) -padrinho político de Pitta- na eleição paulista de 98.
Outros R$ 325 milhões, ainda segundo Pitta, estão sendo negociados com o Banco do Brasil, a título de AOR (Antecipação de Receita Orçamentária). Anteontem, o governo federal alterou regra do pacote de controle de gastos e, assim, deu condições para que a administração municipal pudesse solicitar e conseguir o empréstimo.
Os R$ 70 milhões restantes, nas contas do prefeito, estão sendo negociados com o governo tucano para destinação às cooperativas do ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde), um dos cartões de visita que Maluf pretende apresentar na campanha eleitoral de 98.
Comparação
Pitta aproveitou para cutucar Covas, que não aceita o socorro ao adversário. "As críticas aos empréstimos são injustas. O governo estadual conseguiu refinanciar R$ 60 bilhões de sua dívida, um valor quase igual ao que o FMI está dando à Coréia", comparou.
Na linha de rebater as críticas do tucanato paulista ao auxílio ao malufismo, Pitta continuou ironizando. "O partido do governo não pode reclamar dos míseros R$ 330 milhões que estamos conseguindo, a juros de mercado", afirmou, referindo-se ao dinheiro do BNDES.
O dinheiro do Banco do Brasil, de acordo com o prefeito de São Paulo, tem caráter emergencial. "É só para antecipar o nosso pico de arrecadação no primeiro trimestre de 98", declarou.
Embora a leitura política do auxílio federal ao malufismo diagnostique o interesse de FHC de manter boas relações com o ex-prefeito, Pitta tentou desqualificar a interpretação.
"O que estamos conseguindo é uma operação comercial normal, em que não há credores políticos", disse Pitta.
Pitta explicitou a satisfação com a possibilidade de receber o socorro federal tucano. "Vejo com entusiasmo que o governo federal dá importância a São Paulo, que está sofrendo as consequências da alta do desemprego", afirmou.
"O importante é que o presidente da República está vendo as necessidades do país", acrescentou Pitta.

Texto Anterior: Mágoa no armário
Próximo Texto: Empréstimos sociais somam R$ 1,5 bilhão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.