São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Dersa recua e libera Imigrantes após protesto

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O governo estadual recuou e decidiu liberar ontem antes da hora a rodovia dos Imigrantes para a subida de caminhões vindos da Baixada Santista. Segundo a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), a pista foi liberada às 20h40. O horário previsto de fim da restrição era 21h.
Às 21h30, o tráfego na rotatória da Imigrantes, que durante toda a tarde ficara caótico, estava normalizado.
O motivo do recuo foi o bloqueio de estradas, realizado pelos motoristas de caminhão como resposta à medida do governo pouco depois das 15h -horário de início da operação.
No começo da noite de ontem, os caminhoneiros bloqueavam os três acessos à Imigrantes -pela via Anchieta, pela Pedro Taques e pela Piaçaguera-Guarujá. Um enorme congestionamento paralisava as três rodovias no sentido Baixada-Imigrantes.
Os caminhoneiros fecharam também a ligação entre a Anchieta e a Imigrantes no sentido Cubatão-São Vicente. O resultado é que a maior parte do trânsito de descida da serra era obrigado a tomar a via Anchieta até Santos, provocando às 19h um congestionamento de cerca de 7 km, entre o km 58 e o km 65 (entrada da cidade).
Caso o governo estadual mantenha hoje a determinação de impedir o tráfego de caminhões nos dois sentidos do sistema Anchieta-Imigrantes, a partir das 10h até as 18h, a confusão pode ser ainda maior.
A orientação de liberar a Imigrantes para os caminhões foi transmitida pelo rádio da Polícia Rodoviária, às 20h25, em nome do secretário de Transportes, Michael Zeitlin. Nessa hora, o colapso do sistema atingiu o auge, com cerca de 20 km de congestionamentos em quatro rodovias.
Entidades representativas dos caminhoneiros, que ameaçaram bloquear as estradas caso a restrição fosse mantida, disseram que o movimento não foi organizado.
O presidente do Sindicato de Transportadores Autônomos do Litoral Paulista, José Nilton de Oliveira Lima, declarou à Agência Folha que tudo aconteceu de forma espontânea.
"Esse movimento foi resultado da indignação dos caminhoneiros. Eles não tiveram orientação do sindicato para fazer isso."
Barreiras
Ontem, primeiro dia da proibição de circulação de caminhões, estava em vigor o esquema 4 por 3 (descida pelas quatro faixas da via Anchieta e subida pelas três faixas da Imigrantes). A proibição vigoraria entre as 15h e as 21h, no sentido litoral-capital.
No início da operação, os caminhões vindos do porto de Santos e do pólo industrial de Cubatão estavam sendo retidos em duas barreiras montadas pela Polícia Rodoviária.
Os policiais só permitiam o acesso ao planalto de caminhões que carregavam cargas perecíveis. Os demais eram orientados a retornar no sentido São Vicente.
O protesto
O problema começou 45 minutos depois do início da operação.
Um grupo de cerca de 20 caminhoneiros se dirigiu aos policiais rodoviários e a funcionários da Dersa pedindo a liberação da rodovia. Diante da negativa, retornaram aos caminhões e obstruíram a pista em dois pontos.
Para poder passar pelo ponto de obstrução e seguir viagem, os carros de passeio saíam da pista e contornavam o bloqueio pelo canteiro central. Alguns não conseguiam passar e ficavam atolados.
A Dersa informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que houve atraso na entrega das faixas que orientariam os motoristas de caminhão no trajeto para a capital paulista pelo sistema Anchieta-Imigrantes.
Somente por volta das 18h de ontem as cem faixas começariam a ser colocadas no sistema Anchieta-Imigrantes e em outras rodovias que dão acesso a São Paulo. O atraso teria sido responsabilidade dos fornecedores.
Ainda de acordo com a Dersa, 400 mil folhetos explicativos estão sendo distribuídos desde a última terça-feira nos postos de pesagem, onde os caminhões têm de parar.

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