São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Um terço dos dias do ano teve ar ruim

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ar em alguma parte da região metropolitana de São Paulo ultrapassou os padrões aceitáveis de poluição (apresentando qualidade inadequada ou má) em um terço dos dias de 97.
Até ontem, segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), foram registrados níveis de poluição atmosférica acima dos padrões em 117 dias deste ano em alguma de suas 22 estações medidoras instaladas na Grande São Paulo.
Em 72 dias, foi registrada qualidade do ar inadequada e, em 45, ar de má qualidade.
"Não é possível fazer comparações dos níveis de poluição de 97 com os de outros anos porque nossa rede de medição da qualidade do ar foi ampliada no segundo semestre de 96 e qualquer confrontação de dados não seria correta", afirmou Jesuino Romano, gerente de qualidade do ar da Cetesb.
Um fato que chamou a atenção dos técnicos da Cetesb foi a alta incidência de dias muito poluídos por excesso de ozônio, um poluente do qual pouco se falava até o ano passado.
Até pouco tempo atrás, o monóxido era visto como o principal vilão atmosférico, sendo responsável por muitos dias críticos em termos de poluição.
Agora, esse papel está sendo assumido pelo ozônio, um gás que se forma em grandes quantidades no ar somente em dias ensolarados a partir de reações fotoquímicas -que acontecem apenas na presença de luz solar- envolvendo outros poluentes emitidos por carros e indústrias. O ozônio diminui a resistência do organismo a infecções, causa irritações nos olhos, nariz e garganta e provoca envelhecimento precoce de materiais expostos ao ar livre.
Uma das explicações para o aumento da poluição por ozônio foi a grande ocorrência de dias ensolaradas em 97, inclusive no inverno, que foi mais quente do que de costume.
Outro fator que pesou no aumento do registro de dias poluídos por ozônio foi que, até 96, a monitoração da Cetesb da existência deste poluente era muito falha.
Ou seja, o problema do ozônio já podia estar presente em São Paulo há anos, mas não se sabia disso devido a falhas da medição.
Nem a adoção do rodízio de veículos, posto em prática pelo Estado no inverno 97, conseguiu deter o avanço do ozônio. "O rodízio consegue diminuir a quantidade de outros poluente, mas não funciona muito no caso do ozônio", disse Romano da Cetesb.

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