São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Nova Mancha quer ensinar Rio a torcer

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

A torcida organizada palmeirense Mancha Alviverde, reincorporação da extinta Mancha Verde, fará a sua estréia amanhã querendo "ensinar o Maracanã a torcer".
A frase, dita em coro pelos dois líderes da organizada, o presidente Fernando Fagiani, o Nandão, e o "porta-voz" Paulo Serdan, traduz o espírito dos torcedores que acompanharão o time ao Rio.
Com 70 bandeiras, uma faixa de 70 m, uma bateria com 50 ritmistas, fumaça e 400 kg de plástico (picado e em faixas), os integrantes dizem possuir técnicas e recursos desconhecidos pelos cariocas.
"Falta às torcidas do Rio um pouco mais de espírito de vibração, criar coisas novas. Eles precisam ser mais arrojados, gastar mais dinheiro em festa. Essas faixas, na quantidade que vamos levar, nunca existiram no Maracanã", diz Serdan.
A Mancha Alviverde aproveitará a liberdade que não tem em São Paulo, onde uma portaria da Federação Paulista proibiu o ingresso das organizadas nos estádios, para fazer a sua primeira festa depois da extinção da Mancha Verde.
"As torcidas que sabem fazer festa são a Mancha e a Gaviões (do Corinthians). A vida é assim, vivendo e aprendendo. Você tem que se espelhar em quem faz melhor do que você", afirma Serdan.
A aparente provocação contrasta com a harmonia com a torcida do Vasco que os palmeirenses insistem em afirmar.
Os integrantes da Força Jovem Sampa, filial paulista da maior organizada vascaína, viajarão nos mesmos ônibus da Mancha.
No estádio, as "torcidas-irmãs" estão programando uma troca de bandeiras na arquibancada.
Segundo Serdan e Nandão, não há músicas ou gritos de guerra preparados para a nova torcida, que manterá como símbolo o Mancha Verde, clone esverdeado do criminoso Mancha Negra, personagem de quadrinhos criado pelo norte-americano Walt Disney.
"Música é algo que não se programa antes, é coisa de momento. Apenas vamos evitar cantar aquelas que pregam a violência", afirma Serdan.
Os diretores da Mancha calculam que lotarão entre 50 e 70 ônibus (de 2.000 a 3.000 torcedores).
Até a noite da última quinta-feira, no entanto, apenas 15 veículos estavam com todos os lugares esgotados.
"Os torcedores costumam deixar para comprar na última hora", justifica Nandão.
Estão cobrando R$ 35,00 pela passagem de ida e volta, sem direito ao ingresso no Maracanã.
As despesas da festa, calculadas por Nandão em cerca de R$ 4.000, serão custeadas com o dinheiro das passagens e pela ajuda de "três ou quatro empresários amigos", cujo nome o chefe de torcida não quis revelar.
Sem apoio
Os integrantes da Mancha Alviverde dizem que solicitaram apoio financeiro do Palmeiras e da Parmalat, co-gestora do clube, mas nada conseguiram.
"As pessoas não querem misturar o seu nome com as organizadas", diz Serdan.
O diretor de futebol remunerado do clube, Sebastião Lapolla, disse desconhecer o pedido de ajuda, mas que "ficou contente" com a criação da Mancha Alviverde.
"Tudo que está ligado ao Palmeiras é positivo. Acho muito bom o apoio. O que a gente não gosta são aqueles problemas (violência). Mas só tenho que parabenizar a torcida palmeirense pelo congraçamento com a torcida vascaína mostrado no domingo (no primeiro jogo da decisão)."
TUP
Mais modesta e menor, a TUP, Torcida Uniformizada do Palmeiras, também irá ao Maracanã.
No máximo, cinco ônibus deverão transportar os membros da organizada, segundo Laércio Rodrigues, um dos diretores.
O preço será R$ 30,00 -R$ 5,00 a menos do que o cobrado pela Mancha. O material levado também será mais acanhado.
"Com a proibição das torcidas organizadas, o nosso caixa está quebradíssimo. Levaremos 30 bandeiras, faixas e muita folia", afirmou Rodrigues.
Ele afirma que não há inimizade com a Mancha Alviverde e que as duas torcidas deverão ficar juntas no Maracanã.
Como os colegas da Mancha, os membros da TUP dizem ter solicitado o apoio do Palmeiras e da Parmalat, também sem sucesso.

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