São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Eleito quer se reunir com comunistas

JAIME SPITZCOVSKY
EDITOR DE EXTERIOR E CIÊNCIA

O presidente eleito da Coréia do Sul, Kim Dae Jung, disse ontem estar disposto a se reunir com Kim Jong Il, o dirigente máximo da comunista Coréia do Norte. O diálogo, afirmou Kim Dae Jung, não pode comprometer a aliança militar entre seu país e os EUA.
O oposicionista Kim Dae Jung venceu a eleição presidencial de quinta-feira, com 40,3% dos votos. Além do desafio de resgatar o país da crise econômica (leia mais à pág. 2-1), Kim deve administrar as espinhosas relações com a Coréia do Norte.
A península coreana resiste como um dos últimos museus da Guerra Fria. No norte, está encastelado o regime stalinista de Kim Jong Il. A porção sul abriga um país capitalista e base para 37,5 mil soldados norte-americanos.
A Coréia do Norte, o regime politicamente mais isolado do planeta, exige a retirada das forças dos EUA para assinar um acordo de pacificação com os rivais do sul.
As Coréias ainda estão tecnicamente em guerra. O conflito de 1950-53 terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.
Kim Dae Jung já não oferece aos vizinhos do norte a mesma retórica conciliatória de anos passados. No auge da Guerra Fria, seu discurso menos belicoso assustava a classe média sul-coreana e servia para os militares descrevê-lo como "perigoso agitador".
Depois de três fracassadas tentativas de chegar à Presidência, Kim venceu as eleições ao conseguir desbotar sua imagem de um "agitador" disposto a fazer concessões aos adversários do norte.
O regime norte-coreano não comentou ontem a vitória de Kim Dae Jung. Este chegou a ser acusado de receber doações de campanha do governo de Kim Jong Il, o que não foi provado.
No último dia 9, as duas Coréias, coadjuvadas por EUA e China, promoveram negociações preliminares de paz em Genebra, Suíça. As conversas serão retomadas em março, depois da posse de Kim.
Nessas negociações, o novo governo sul-coreano deverá ter uma abordagem mais flexível do que o presidente Kim Young Sam. Mas terá as mãos amarradas por causa da crise econômica, a prioridade da agenda nacional que drenará recursos reservados a programas de ajuda à Coréia do Norte.
O regime comunista também enfrenta séria crise econômica. O fracasso do modelo soviético e enchentes provocaram escassez de alimentos que deixa o país dependente de ajuda externa.
As crises que despencaram sobre a península coreana deixam uma eventual reunificação para um futuro distante.

Com agências internacionais

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