São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Presidente da Suderj diz ter feito bom negócio

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Suderj, Raul Raposo, disse crer que o contrato com a Traffic é um excelente negócio para o Estado do Rio.
Ao ser informado sobre o contrato do Mineirão com a mesma empresa, ele afirmou: "R$ 1,8 milhão por um ano? Esse contrato é uma porcaria, péssimo. Já ensinei tanto a eles, vou ter que ensinar mais essa. Ninguém no Brasil fatura placa como eu".
Raposo disse que o prazo de 24 horas para a apresentação de propostas foi um meio de evitar a cartelização do processo.
"Eu não dei tempo para as empresas se falarem. Se elas conversam, dividem as 18 placas em seis e oferecem um preço total de R$ 300 mil, com R$ 100 mil para cada."
Outro motivo da pressa: "Eu tinha jogo na mesma semana".
Ou seja: em vez de a própria Suderj explorar a partida -não ganhando menos de R$ 100 mil, conforme vários preços divulgados à praça em documentos obtidos pela Folha-, Raposo passou à Traffic o faturamento com o jogo.
O acordo celebrado em novembro marca uma virada nas relações de Raposo com a empresa. Desde 1995, quando assumiu a Suderj, ele mantinha uma postura quase de ódio com a Traffic, que perdia todas as "tomadas de preços" para as placas do Maracanã.
Quando Raposo chegou à Suderj, a Traffic pagava, segundo ele, US$ 200 mil anuais por todas as placas do estádio. Ele condenou o contrato, não o renovou e insinuou irregularidades.
"Com as 40 placas, faturo R$ 4 milhões por ano. Sou o sujeito que melhor negocia placas. Sou eu, Raul Raposo, pessoalmente."
Na sua opinião, é natural que as placas comercializadas diretamente aos anunciantes pela Suderj rendam mais 219% do que as intermediadas pela Traffic.
"As 18 da Traffic ficam em piores posições em torno do gramado. Aqui não tem esquema", afirmou. No informe às empresas sobre a "concorrência", porém, inexiste tal informação.
Para o empresário J. Hawilla, diretor da Traffic, "quem monta a regra é o dono do estádio. A regra que ele montou foi essa. Se fosse outra, a gente participaria da mesma maneira".
Hawilla disse que não se pode comparar o contrato da sua empresa com o Mineirão porque, em Belo Horizonte, ela tem exclusividade do estádio, otimizando seu faturamento.
A Traffic é a maior agência de marketing esportivo do país. Entre as suas contas, está a da seleção brasileira de futebol.
(MM)

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