São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Elétricas melhoram os resultados em 97

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de energia elétrica melhoraram os resultados no terceiro trimestre deste ano.
A maioria das estatais e companhias recém-privatizadas aumentou o lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado ou reduziu os prejuízos.
Os bons resultados se devem, conforme o analista do setor de energia do banco Bozano, Simonsen, Sérvulo Lima, a um conjunto de fatores.
"Mas, sem dúvida, o aumento nas tarifas e o crescimento do mercado são os que mais contribuíram para os resultados", afirma.
As tarifas de distribuição de eletricidade -aquelas que são cobradas do consumidor final- foram reajustadas entre 9% e 10% em abril deste ano, conforme Lima. E hoje remuneram bem as distribuidoras do país.
Como o impacto no caixa das empresas só ocorre alguns meses depois, foi exatamente nos balanços do terceiro trimestre que essa receita adicional se refletiu com mais força, diz o analista.
O crescimento do consumo de eletricidade também representou um ganho adicional. "Se comparados os dois trimestres (de 96 e 97), há um aumento na demanda por energia de 5% a 6%", afirma.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que atende ao mercado consumidor do interior do Estado, é um bom exemplo.
A empresa, privatizada em leilão realizado em novembro último, teve um lucro líquido no terceiro trimestre de R$ 53,6 milhões, 22,7% acima de igual período de 96.
José Guimarães Monforte, diretor-presidente da VBC Energia S.A. -empresa que liderou o consórcio que arrematou a CPFL-, lembra que o bom resultado não se deve ainda à gestão privada, mas a um processo de ajuste que a empresa passou ao se preparar para a privatização.
Ele reconhece, porém, que o controle estatal foi um empecilho para que a CPFL pudesse apresentar um resultado ainda melhor.
"Agora, podemos agilizar os processos de compra de materiais, administrar os estoques com mais eficiência e fazer concorrência para escolher bancos privados que venham a prestar serviço ou aplicar o dinheiro da empresa", diz Monforte.
A Light, que distribui energia no Estado do Rio, reverteu o prejuízo de R$ 16,5 milhões do terceiro trimestre de 96 para um lucro de R$ 77 milhões.
Sérvulo Lima lembra que a empresa passou por um forte ajuste após a privatização no ano passado, com redução de pessoal e pagamento de indenizações, o que acabou tendo impacto negativo nos resultados de 96.
A Light foi favorecida em 97 pelo crescimento do consumo de energia em sua área de atuação, que saltou 7,2% em um ano, acima da média nacional.
Dívida de R$ 9 bilhões
A Cesp (Companhia Energética de São Paulo), ainda estatal, teve seu desempenho prejudicado por um elevado endividamento, de cerca de US$ 9 bilhões.
Segundo Andrea Matarazzo, presidente da Cesp, desde o início de 95 a empresa vem reduzindo os gastos com pessoal, contratos e custos em geral. O número de funcionários, por exemplo, foi cortado pela metade, de 20 mil para os atuais 9,3 mil.
"O alto endividamento ainda é um problema sério, que foi em parte equacionado com os recursos da venda da CPFL", diz. A Cesp tinha o controle do capital da CPFL e ficou com o dinheiro da venda.

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