São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Alta do juro norte-americano agravou crise

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Por que o México quebrou?
No dia 22 de dezembro de 1994, pressionado por um ataque especulativo contra o peso, o governo mexicano decidiu mudar sua política cambial e suprimiu o sistema de bandas de flutuação da moeda.
Em apenas um dia, a desvalorização do peso em relação ao dólar foi de 31%. Em três meses, a cotação do dólar no México passou de 3,47 pesos para 7,45 pesos.
A desvalorização do peso foi apenas a face mais visível da crise mexicana. O país dependia fortemente da entrada de recursos externos.
Quando o governo norte-americano decidiu elevar os juros, o México, então presidido por Carlos Salinas de Gortari, passou a enfrentar graves problemas para conseguir pagar seus compromissos externos, cujos custos subiram acompanhando as taxas cobradas no mercado americano.
Instabilidade
Internamente, o México também passava por uma situação complicada, de instabilidade política.
Durante o processo de eleição presidencial, o candidato do principal partido político, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), foi assassinado e simultaneamente ocorreram levantes no Estado de Chiapas.
Essa situação começou a assustar os investidores estrangeiros, que reduziram suas aplicações no mercado financeiro mexicano.
Em dezembro de 1994, as reservas internacionais do país -que somavam nessa ocasião US$ 6 bilhões- já não eram mais suficientes.
Para completar o quadro, durante os meses em que a situação do país se deteriorava, o governo mexicano não fez nada ou quase nada para reverter a situação.
"O governo mexicano agiu muito tarde. Quando tomou providências, já não dava mais para evitar a crise", explica Alejandro Valenzuela, assessor do Ministério da Fazenda.
Empréstimo
O país teve que recorrer a um empréstimo estrangeiro, organizado pelo governo norte-americano do presidente Bill Clinton, e adotar medidas muito restritivas de política econômica, que levaram à pior recessão desde a década de 20 e a uma alta taxa de desemprego.
Hoje, o México tem uma situação financeira e econômica muito mais saudável do que outros países latino-americanos, inclusive Brasil e Argentina.
A economia mexicana voltou a crescer, a dívida externa está sob controle, a inflação é baixa. Mas continuam as sequelas no campo social.
(CGF)

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