São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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OS CADERNOS MIÚDOS

. MANOEL DE BARROS
"Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira", diz o poeta matogrossense Manoel de Barros, 81 anos completados na última sexta-feira.
"Eu não tenho inspiração. Não sei o que é isso e não espero por ela para escrever. Escrevo religiosamente todo dia das 7h às 12h. Fecho-me no meu escritório e não saio de lá para nada. Não atendo telefone, não ouço música."
Em seu escritório, na arejada casa na cidade de Campo Grande (MS), Manoel de Barros possui uma pequena biblioteca onde os cinco volumes de um dicionário de língua portuguesa de 1871 têm lugar de destaque. "Pesquiso muitas palavras que perderam seu uso, sofreram mutações morfológicas ou morreram no tempo. Utilizo esse dicionário para que as pessoas pensem que sou um sujeito culto", diz -e solta uma gargalhada.
Nas gavetas da escrivaninha estão guardados os incontáveis caderninhos que ele próprio confecciona e onde escreve, sempre à mão, com a letra miúda, seus versos e "todas as besteiras que penso quando me fecho aqui".

MANOEL DE BARROS nasceu em 1916. É autor, entre outros, de "Livro sobre Nada" e "O Livro das Ignorãnças" (Record). Vive em Campo Grande (MS).

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