São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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A DOENÇA DA ESCRITA

. MARILENE FELINTO
"Me fotografar? Para quê?", pergunta a escritora Marilene Felinto.
"Não gosto de ser fotografada, não gosto de estar na mídia, não gosto dessa mitificação que fazem da figura do escritor. Escritores são pessoas que num determinado momento da vida sofreram algum tipo de trauma que as levou a ter essa compulsão pela literatura, pela criação de um mundo paralelo ao mundo real. Preferia não ter que escrever, mas é como se eu não tivesse direito a essa opção. Escrever é um atrapalho. Escritores são pessoas doentes."
Marilene Felinto resiste a se deixar fotografar. Reflete. Por fim, aceita: "Mas só porque vou lançar um livro no ano que vem. Para mim é interessante aparecer. Ser fotografada é muito ruim, é uma sensação horrível. Seja rápido".
Seu local de trabalho ocupa uma parte da sala de visitas de seu apartamento no bairro Saúde, em São Paulo. Na estante, dicionários e a miniatura de uma jangada. Pela janela, vê-se uma grande árvore.
Felinto, que nasceu em Recife, diz não ter método para escrever. "De repente me vem partes inteiras do livro e eu consigo desenvolver o eixo central. Mas, para brotar, a narrativa leva um tempo que nunca é determinado por mim. É o tempo do próprio livro, sobre o qual não tenho domínio."

MARILENE FELINTO nasceu em 1957 em Recife (PE). É autora, entre outros, do livro de contos "Postcard" (Iluminuras) e do romance "As Mulheres de Tijucopapo" (Ed. 34). Vive em São Paulo (SP). É colunista da Folha.

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