São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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57% acham polícia de SP ruim ou péssima

ANDRÉ LOZANO
ROGERIO SCHLEGEL

ANDRÉ LOZANO; ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Reprovação à segurança de Covas cresceu 12 pontos em 8 meses; pesquisa foi feita antes de prisão de gangue

A gangue da batida também fez uma vítima no Palácio dos Bandeirantes: pesquisa Datafolha mostra que aumentou a reprovação à gestão Covas na segurança pública.
Passou a ser maioria o grupo de paulistanos que considera ruim ou péssima a ação do governo no setor. Têm essa opinião 57% da população, contra 45% em levantamento feito há oito meses e meio.
A pesquisa mais recente foi feita na quinta-feira passada -antes da prisão da gangue, que batia no carro de mulheres desacompanhadas para rendê-las e assaltá-las.
Para o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, a pesquisa "revela uma realidade momentânea porque foi feita em um período em que a gangue estava agindo, ainda não havia sido presa". Em sua opinião, "isso acaba refletindo de forma negativa uma insatisfação momentânea."
O resultado revela um ponto fraco na imagem do governo Mário Covas, que pode ser explorado na campanha eleitoral de 98, caso o governador tente a reeleição.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Jairo Fonseca, a reprovação à política de segurança pública do governo serve como "alerta" para a atual administração.
"Esse resultado pode dar margem a discursos autoritários, comuns a alguns candidatos conhecidos", afirmou Fonseca.
Desde a semana passada, inserções gratuitas do PPB na televisão trazem o ex-prefeito Paulo Maluf dizendo que o Estado era mais seguro quando ele era governador.
Maluf, virtual candidato ao governo, diz que em sua gestão não houve greve na polícia -movimento que outros Estados, mas não São Paulo, enfrentaram em 97.
Os potenciais problemas de Covas se agravam pelo perfil dos que mais criticam sua ação na segurança. São os mais escolarizados, os mais ricos e os mais velhos -em princípio, grupo com força como formadores de opinião.
As mulheres, diretamente atingidas pela ação da gangue presa no fim-de-semana, mostraram reprovação mais elevada do que o paulistano médio. De cada cinco mulheres ouvidas, quatro disseram ter tomado conhecimento da gangue.
Desconfiança na polícia
Durante o governo Covas, a imagem da polícia piorou, apesar dos sucessivos planos de reformulação feitos pelo secretário José Afonso da Silva, que incluíram a troca do comandante-geral neste ano.
Há dois anos, 51% dos paulistanos diziam ter mais medo do que confiança na polícia. Agora, 63% expressaram essa opinião.
É verdade que já houve momentos piores ao longo do governo. Após a divulgação de imagens de tortura e assassinato por PMs na favela Naval, em Diadema, a desconfiança na polícia bateu no pico.
Pesquisa da época mostrou que três em cada quatro entrevistados tinham mais medo do que confiança nos policiais -uma em cada quatro pessoas disse ter mais medo da polícia do que dos bandidos. O temor aos bandidos cedeu espaço ao medo da polícia. Desde julho, cresceu de 20% para 30% o grupo que teme policiais e bandidos na mesma proporção.

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