São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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V., que diz ter sido estuprada pelo pai, aborta

DA FOLHA RIBEIRÃO

A adolescente V.A.B., 14, estuprada pelo próprio pai, segundo a Polícia Civil de Restinga (390 km de São Paulo), perdeu ontem o bebê em decorrência de um aborto.
A Santa Casa de Franca (401 km de São Paulo), onde ela permanecia internada até as 19h de ontem, informou apenas que o aborto foi "natural". A adolescente estava grávida de quatro meses.
Faca
Segundo o inquérito concluído pela polícia, V.A.B. teria sido ameaçada com uma faca pelo pai, o lavrador José Antônio Batista, 47, para que mantivesse relações sexuais com ele.
As investigações sobre o caso estão sendo conduzidas pelo delegado de Restinga, Marcelo Rodrigues. Ele pediu ontem à Justiça de Franca a prisão preventiva do acusado, que está foragido.
Aborto legal
O delegado Rodrigues havia solicitado também a realização do aborto legal, a pedido de V. e de alguns familiares. Esse seria o primeiro pedido do gênero na região.
A Folha não obteve autorização do hospital para falar com a garota ontem.
Rodrigues afirmou que a gravidez de V. foi descoberta durante as investigações de uma ocorrência de atentado violento ao pudor, iniciada com base em denúncia feita por uma tia da menina, de nome Angela Maria Bardielli.
"A tia disse que viu o José passar a mão nos seios dela (V.). E, durante as investigações, ela disse que havia sido estuprada pelo pai", disse Rodrigues.
O irmão de V., R.A.B., 13, disse à Folha ontem que ele e sua irmã já haviam sido molestados pelo pai anteriormente.
"Ele falava umas coisas para mim, querendo que eu ficasse com ele. Ele também queria abusar da minha outra irmã, de 16 anos. Aí eu briguei muito e saí de casa", disse o adolescente.
Ele disse que viu quando o seu pai estuprou V. "Eu cheguei em casa e peguei os dois pelados. A minha irmã chorava muito."
Absurdo
A tia da garota afirmou que foi até a polícia porque ficou revoltada. "Isso é um absurdo. Ela me contou tudo e eu resolvi tomar uma providência", disse.
A mãe de V., Ana Maria de Jesus Batista, também está sendo acusada de conivência com o crime do marido e pode ser indiciada por co-autoria.

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