São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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Cineasta afirma que a morte "inferniza" sua vida

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

A diferença do Woody Allen que conhecemos nas telas do Allen na vida real evidencia-se apenas pela ansiedade de que sofrem seus personagens. No resto, não nos surpreende o fato de encontrarmos um Allen tão hipocondríaco e fatalista quanto suas criações.
Quando perguntado se não estava cansado de dar entrevistas, Allen respondeu que não era tão ruim assim falar com jornalistas -que, em seu novo filme, lotam um andar inteiro do inferno. "Se eu não tivesse ficado resfriado seria mais fácil", respondeu Allen, discorrendo mais cinco minutos -exatamente como seus personagens sabem fazer- sobre como foi falta de sorte pegar um resfriado logo quando vinha divulgar o filme na Europa.
A morte, que aparece pelo menos duas vezes em "Deconstructing Harry", "inferniza" a vida do diretor. "Como alguém pode se divertir quando, lá fora, há aquela nuvem negra enorme seguindo você?", diz, para depois completar: "Você vê todas aquelas pessoas numa festa de Ano Novo, tomando champanhe... Tenho vontade de tocar no ombro delas e dizer -'Mas você não entende? Você não deveria estar se divertindo, olha o que te espera"'.
No filme, Allen se mostra mais politicamente incorreto do que nunca. Massacra de vez as religiões, o presidente dos EUA, críticos literários e advogados "da midiáticos".
Sobre a homenagem que seu personagem, Harry, recebe, Allen, que não costuma comparecer a cerimônias do tipo, diz: "É tão embaraçoso, nunca poderia me prestar a um papel desses".
(MC)

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