São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 1997
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Flauta de Pinzindin foi à rua há 9 anos

CARLOS BOZZO JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem passa pelo Conjunto Nacional, na avenida Paulista, aos sábados e domingos, entre 19h e 22h, certamente já viu Emerson Pinto "Pinzindin", 33 anos, flautista que toca de Mozart a Pixinguinha.
Paulistano, Emerson Pinto adotou Pinzindin em seu nome porque era assim que a avó de Pixinguinha chamava o neto. "É uma palavra de um dialeto africano que quer dizer 'bom menino pequeno'. Resolvi fazer uma homenagem a Pixinguinha", diz.
Pinto toca choros e clássicos, na rua, há nove anos, usando uma flauta norte-americana prateada, com chaves abertas.
"Comecei tocando no Masp, depois fui para o buraco da Consolação e hoje toco no Conjunto Nacional. A falta de espaço para tocar e a necessidade de ganhar dinheiro me fizeram músico de rua", diz.
"Fui professor de várias escolas e conservatórios, mas músico tem de tocar, senão trava."
No Conjunto Nacional, ganha em média R$ 30 por noite. "Algumas pessoas me perguntam se sou músico da noite. Sou músico do dia, porque toda quarta-feira, das 7h45 às 8h45, toco para funcionários de uma seguradora, onde ganho R$ 320 por mês."
Gravar com o saxofonista Paulo Moura músicas de Pixinguinha é o sonho dele, que está de viagem marcada para o final deste ano.
"Vou para o sul, passando por Florianópolis, Argentina, Chile e Uruguai. Comprei uma mochila, uma barraca, um discman, um gravador e levarei a flauta. Isso será minha casa. A cidade cerceia a criação, então vou me afastar um pouco para poder criar, compor e divulgar a música brasileira."
E continua: "É uma viagem de pesquisa. Villa-Lobos fez isso pelo Brasil, durante uns cinco anos, apresentando-se até em cabarés. Quando chegou à Europa, perguntaram o que iria estudar. Respondeu que estava lá para mostrar o que havia estudado."
(CBJ)

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