São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997![]() |
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Cenário conturbado
ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR. 1997 termina deixando em aberto a mais séria crise financeira internacional dos últimos anos. A instabilidade já correu o mundo, embora seja mais grave na Ásia, e criou um grave problema de confiança, base das relações de crédito na economia.A pergunta que todos se fazem é se teremos uma repetição da crise mundial de 1929 e da depressão que se seguiu nos anos 30. Embora esse risco exista, dado o quadro de interdependência das economias, não se deve exagerar nessa direção. A crise dos anos 30 começou com a queda da Bolsa de Nova York, seguida da perda de confiança no sistema bancário norte-americano, contração do comércio internacional e quebra do sistema de pagamentos internacionais. A repetição de um roteiro como este não seria tão fácil porque muito se aprendeu com aquela experiência. Mas há outros fatores que precisam ser sublinhados. Uma crise com a intensidade da dos anos 30 não só foi fruto do desmoronamento de um castelo de cartas de relações de crédito mal formuladas, mas mostrou, em seu limite, a impossibilidade de uma ação coordenada internacional dados os conflitos de interesses das principais economias. Quando Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França partiram, cada um, para a tentativa de solução isolada de seus problemas, ocorreu a ruptura efetiva dos pagamentos internacionais e a crise foi maior para todos. No tabuleiro da história, essa incapacidade de cooperação prenunciava a Segunda Guerra Mundial, que veio logo depois. Não só os interesses econômicos e políticos eram fortemente conflitantes, como não havia uma potência hegemônica que pudesse impor sua solução sobre os demais jogadores. Não é esse o quadro atual. Ainda que a crise financeira possa se tornar mais grave, caso atinja com mais intensidade o sistema bancário japonês, mesmo assim há a convicção de que todos teriam muito mais a perder do que a ganhar com a ruptura do quadro institucional das relações internacionais. Não há risco de guerra e existe, claramente, uma potência hegemônica. Se a repetição da depressão dos anos 30 na escala mundial parece afastada, não se pode dizer que a atual crise não possa atingir o Brasil com mais gravidade. Infelizmente, o governo deixou a economia muito vulnerável ao financiamento externo e isso nos torna um alvo potencial para novos ataques especulativos em 1998. Agora, é torcer para que a crise financeira na Ásia se acalme e que o crédito internacional volte a se afirmar. Álvaro A. Zini Jr., 44, é professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP. Texto Anterior: Comércio encurta os prazos do crediário Próximo Texto: Disputa de consultorias vira caso de polícia Índice |
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