São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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F-1 busca terceira revolução da década

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mudanças no regulamento, profundas alterações na estrutura da categoria, novos nomes, novos patrocinadores e até mesmo uma nova equipe. A F-1 muda muito para 1998. Mas o suficiente para modificar a atual relação de forças?
Nem mesmo o atual campeão mundial, Jacques Villeneuve, acredita nisso. Recentemente reafirmou que sua disputa pessoal com Michael Schumacher será restabelecida a partir de 8 de março, data do GP da Austrália, prova de abertura da próxima temporada.
"A disputa do campeonato vai continuar apenas entre nós dois", declarou o piloto canadense.
Pragmático, Villeneuve concorda que não será assim tão fácil derrubar a hegemonia cultivada pela Williams nos últimos seis anos nem reverter o renascimento ferrarista operado pelo rival na última temporada.
Os mais otimistas, porém, garantem que os dois melhores times da F-1 deverão sentir pelo menos um golpe: a adoção dos pneus Bridgestone pela McLaren.
Nitidamente superior ao da concorrente Goodyear, o produto japonês terá que passar incólume pelo novo regulamento da FIA, que, inclusive, provocou o inesperado anúncio da retirada da empresa norte-americana em 1999.
Os pneus da próxima temporada terão sulcos que forçarão as empresas a utilizar compostos duros, característica que diminuirá sensivelmente a aderência dos carros.
E, para completar, a entidade máxima do automobilismo ainda decretou uma diminuição na largura dos monopostos, fator que prejudica a aerodinâmica.
Instabilidade
Teoricamente, as mudanças tornarão os carros mais instáveis, obrigando os pilotos a diminuir o ritmo. Mas nada indica que isso seja problema para a gigantesca força de investimento em pesquisa e desenvolvimento aglutinada nos times grandes da F-1.
Williams e Ferrari, assim como McLaren e também a Benetton, têm dinheiro e tecnologia suficientes para se adaptarem às mudanças de forma mais eficiente e rápida que o resto da categoria.
Dessa forma, já nasce pífia a terceira revolução técnica da década, a exemplo das outras duas -a primeira, ao final de 93, aboliu a ajuda eletrônica aos pilotos; a segunda, ao final de 94, pretendeu tornar os carros menos inseguros.
Mas, se no atacado a coisa não deve mudar, no varejo, como sempre, é que podem surgir surpresas.
Williams e Benetton, por exemplo, não terão mais o apoio da Renault, que se despediu da categoria. Deixam de ser tranquilos patrocinados para se tornarem clientes cobrando desempenho da Mecachrome, antiga preparadora da fábrica francesa que assumiu a vitoriosa família RS.
Concorrência
Frank Willliams ainda terá que administrar a convivência entre seus dois pilotos. Heinz-Harald Frentzen, após uma série de bobagens em 97, quer dar trabalho a Villeneuve em 98.
O problema é que o canadense já tem compromisso para 99 na equipe montada por seu empresário Craig Pollock sob a estrutura da Tyrrell. E não demorará muito para se queixar de favorecimento caso Frentzen comece a superá-lo.
A Ferrari, que usou e abusou de dispositivos suspeitos em 97, enfrentará uma fiscalização mais rigorosa em 98, já adiantou a FIA.
E ainda não foi dimensionado o tamanho do estrago da manobra de Schumacher no último GP da temporada. A batida forçada com Villeneuve arranhou seriamente a imagem do alemão.
Mais uma vez, a F-1 dependerá dos detalhes. Equilíbrio mesmo continua sendo uma utopia.
(JHM)

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