São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Falta de luz inferniza vida de carioca

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Panes no sistema de distribuição de energia elétrica infernizaram a vida de milhares de moradores do Rio nos últimos dias do ano.
Os problemas se acentuaram desde o dia 23, quando 126 transformadores da Light queimaram ou desligaram à noite.
Às 23h, foi batido o recorde histórico de fornecimento de energia às 30 cidades atendidas pela empresa -4.300 megawatts.
Na última semana, aumentaram as reclamações ao Procon contra a Light. O ano registra recorde: 509 queixas até anteontem, contra 323 em 1996 e 102 em 1995, antes de a empresa ser privatizada.
No telefone 196 da Light (pedidos de consertos e protestos), a média subiu de 120 para 190 por hora, com o aumento de 16 para 24 posições de atendimento.
Em manifestação contra a falta de luz, centenas de pessoas ergueram, até o começo da madrugada de ontem, barricadas na estrada dos Bandeirantes (zona oeste).
Em bairros de classe média alta, como o Leblon (zona sul), moradores saem de casa de madrugada, reunindo-se em praças, porque ar-condicionado e ventilador não têm como funcionar. A temperatura no verão superou os 40°C várias vezes. As "fugas" para áreas ao ar livre ocorrem principalmente em regiões mais pobres, como a Baixada Fluminense.
O diretor da área de geração da Light, Oscar Prieto, afirmou que os cortes são causados principalmente pela quantidade de condicionadores: "De repente, todo mundo ligou os aparelhos de ar condicionado e os ventiladores comprados no Plano Real".
Prieto não informou por que não houve pane semelhante em fevereiro, quando o consumo chegou a 4.250 megawatts.
Os problemas se concentram na distribuição de energia. Ligações residenciais e comerciais representam 67% do consumo. Os picos de consumo ocorrem entre as 23h e a 1h. Desde o dia 23, o menor foi na noite de Natal, quando muitas famílias não estavam em casa.
Para a virada do ano, a Light prevê a mesma coisa. Mesmo assim, a empresa aumentou de 75 para 150 as equipes de emergência.
Depois de trocar 1.350 transformadores desde janeiro, na última semana de 1997 a empresa, às pressas, substituiu 200, para evitar o agravamento dos problemas.
Embora a falta de luz atinja bairros de toda a cidade, a Light estima que não mais de 100 mil pessoas tenham sido prejudicadas.
A empresa nega que haja uma crise na distribuição. "Há questões pontuais, localizadas", disse Oscar Prieto.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Rio, Luiz Carlos Oliveira, afirmou que há risco de um colapso em janeiro. "Se houver um temporal, será o caos."

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