São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Partidos 'somem' na Venezuela

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Venezuela, assim como na Colômbia, também houve uma pulverização dos partidos em consequência do desgaste político decorrente do impeachment em 1993 do então presidente Carlos Andrés Perez (Ação Democrática).
Desde 1958, o Copei (Comitê de Organização Política Eleitoral e Independente) e a Ação Democrática se revezavam no poder.
Na eleição presidencial de 93, no entanto, surgiram diversos pequenos partidos e candidatos independentes. Além disso, houve uma abstenção de cerca de 40%.
Como não há segundo turno, o atual presidente, Rafael Caldera Rodríguez, da pequena Convergência Nacional, acabou eleito com apenas 30,5% dos votos válidos (18% do eleitorado total).
Essa pulverização deverá ocorrer de novo na próxima eleição presidencial, em dezembro de 98.
Até agora, já existem cerca de 15 pré-candidatos, entre eles a miss Universo 1981, Irene Sáez, que não dá detalhes sobre seu programa de governo, e o tenente-coronel da reserva Hugo Chávez Frias, líder de um fracassado golpe militar em 92, que se apresenta como guardião das riquezas da Venezuela, em especial do petróleo.
Irene, prefeita de Chacao, subúrbio de classe média alta de Caracas, lidera com pouco menos de 40% das intenções de voto. Deve se lançar pelo movimento Integração, Renovação e Esperança, cuja sigla é Irene, com apoio do Copei. A Ação Democrática deve lançar o liberal Claudio Fermín.
"A pulverização facilita o culto ao personalismo", disse à Folha José Vicente Carrasquero, professor de ciência política da Universidade Simón Bolivar. "A imagem do candidato é mais importante do que seu programa de governo."
A eleição também será um teste para a política econômica de Caldera, que iniciou seu mandato com medidas protecionistas e populistas, mas, nos últimos dois anos, tornou-se mais liberal.
"Ele liberou o câmbio, abriu o setor petrolífero e avançou na privatização", afirma o cientista político. Mas, segundo ele, as medidas têm sido graduais, a inflação anual continua alta (35%) e a população ainda não sentiu os efeitos positivos do pacote.
"Caldera não pode, nesse momento, influenciar sua sucessão com êxitos econômicos", diz Carrasquero, que, no entanto, acredita que o eleito deverá seguir o atual modelo econômico. Na Venezuela, não há reeleição.
(OD)

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