São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Violência é o tema na Colômbia

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A explosão da violência será o tema da eleição presidencial na Colômbia, cujo primeiro turno deve ocorrer em maio. Cada um dos pré-candidatos se apresenta como o mais capaz para negociar um acordo de paz que ponha fim à guerra civil no país.
A Colômbia tem sido palco de conflitos cada vez mais violentos entre grupos guerrilheiros de origem marxista, forças paramilitares e o Exército. Mas qualquer acordo parece distante devido à baixa credibilidade dos políticos e à fragmentação dos partidos.
A atual crise colombiana começou em 1995 quando um ex-tesoureiro de campanha do atual presidente, Ernesto Samper (Partido Liberal), admitiu ter recebido US$ 6 milhões em doações dos narcotraficantes.
A afirmação destruiu a credibilidade de Samper e rachou seu partido. Também o Partido Conservador, o segundo mais importante, acabou dividido, pois alguns de seus parlamentares apoiaram o presidente durante a crise.
Como resultado, surgiram diversos partidos pouco representativos e vários pré-candidatos "independentes".
Apenas no Partido Liberal há sete pré-candidatos, entre eles o ex-ministro Horacio Serpa, apoiado por Samper e, segundo as pesquisas, favorito, e o ex-procurador-geral Alfonso Valdivieso, que denunciou o presidente por ter recebido dinheiro do narcotráfico.
Como os liberais não chegam a um acordo sobre o método de escolha do candidato, o partido poderá chegar rachado à eleição.
Andrés Pastrana (Partido Conservador, derrotado por Samper em 1994) e o general da reserva Harold Bedoya (independente), que foi chefe das Forças Armadas durante o atual governo, são pré-candidatos fortes.
Até agora, são 13 postulantes. "Aqui não há qualquer disciplina partidária", afirma o jornalista Pastore Virviescas, do jornal "El Espectador". "O que há é o populismo e o personalismo."
Segundo ele, a eleição presidencial de 98 será tão ou mais violenta que as eleições para prefeitos e governadores de 97, quando cerca de 20 candidatos foram mortos e cerca de 100 foram sequestrados.
Enquanto o próprio estado de direito encontra-se sob ameaça, diz Virviescas, "os pré-candidatos têm feito um desfile em frente às prisões se oferecendo para negociar com líderes dos grupos guerrilheiros presos".
(OD)

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