São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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JANEIRO DIFÍCIL

As vendas de Natal trouxeram algum alívio ao comércio. O desafio maior, entretanto, está por vir. O primeiro trimestre, que tradicionalmente registra menores índices de atividade econômica, é temido por empresários e trabalhadores.
As contratações temporárias, em especial no comércio, darão lugar a uma provável onda de redução de oportunidades de trabalho. As indústrias, que já vinham acumulando estoques, perdendo crédito e demitindo, passarão por novo aperto.
Mas a incógnita maior é a própria política econômica, em especial a trajetória dos juros. Sabe-se que não é recomendável manter taxas tão elevadas por tanto tempo. Mas reduzi-los, quando a instabilidade financeira externa ainda é preocupante, pode ser arriscado. O ano também é eleitoral. A incerteza política será maior na medida em que se prolongar o aperto financeiro interno.
Para os mais céticos, se não houver possibilidade, ainda em janeiro, de mudanças em favor da expansão econômica, já não haveria tempo para mudar o curso da economia tendo em vista influenciar as eleições.
Para os realistas, não há nada que se possa fazer, mesmo em janeiro, para mudar o curso da economia. O primeiro trimestre é igualmente fraco em matéria de exportações. E estarão em pleno vigor algumas decisões negativas do final do ano, que vão do corte de investimentos às demissões na indústria e no comércio.
Os otimistas poderão usar como amparo a situação da economia brasileira às vésperas das eleições de 1994. Até cerca de três meses antes do pleito, a economia vivia ainda mergulhada nas dúvidas sobre os efeitos da URV e de uma distante nova moeda. Mas, criado em julho, o real teve rápidos efeitos e foi um excelente cabo eleitoral.
Agora não há moeda nova a criar, mas sim o desafio, talvez mais difícil, de reencontrar o crescimento econômico sem inflação.

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