São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Bird prevê crescimento de 4% para a AL

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Bird (Banco Mundial) está prevendo crescimento de até 4% e inflação entre 9% e 11% em 1997 na região da América Latina e Caribe.
O vice-presidente em exercício da área, Gobind Nankani, e seu economista-chefe, Guillermo Perry, analisaram ontem as perspectivas para o subcontinente.
O tom geral é de otimismo, embora ambos reconheçam que os objetivos de reduzir a pobreza e atingir taxas constantes de crescimento em torno de 6% ainda estejam longe de ser alcançados.
O Brasil foi citado várias vezes, quase sempre em referências positivas. Mas o país foi colocado entre os que mais necessitam fortalecer seus sistemas financeiros.
Nankani acha que o problema da região é menos de volume de recursos para o setor social e mais de eficiência na gestão dos já existentes. Deu como exemplo os diversos empréstimos que o banco fez para projetos de educação no Nordeste brasileiro, avaliados durante anos como pouco produtivos.
Segundo ele, o panorama mudou depois que Paulo Renato de Souza assumiu a pasta da Educação; agora, os investimentos são considerados sucessos.
Outro caso brasileiro a que Nankani se referiu com elogios foi o da reforma administrativa no Rio Grande do Sul, que vai receber auxílio de US$ 125 milhões do banco no final deste mês.
O Chile foi lembrado como o exemplo a ser seguido, graças a seu crescimento da ordem de 7% ao ano durante uma década. "Se foi possível no Chile, é possível em toda a região", disse Nankani.
Segundo Perry, as perspectivas para o subcontinente são boas, devido a dois fatores externos e dois internos.
Os externos são o aumento do fluxo de capital privado dos países desenvolvidos para a América Latina e o crescimento do mercado internacional. Os internos, a estabilidade macroeconômica obtida por quase todos os países e a alta dos investimentos domésticos.
As cinco áreas cruciais para o desenvolvimento da região, de acordo com Perry, são: reforma fiscal, maior eficiência do sistema financeiro, melhoria dos serviços de educação e saúde, legislação adequada a respeito de investimentos privados externos e maior eficiência da administração pública.
Para reduzir a pobreza, que permanece muito grande no subcontinente (entre 23% e 25% da população ganham menos que US$ 1 por dia), é necessário que quatro metas sejam atingidas: que o crescimento econômico inclua as faixas sociais de menor renda, que pequenas e médias empresas tenham acesso a investimentos externos e domésticos, que a qualidade dos serviços sociais aumente e que "redes de segurança" sejam criadas para proteger os pobres.

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