São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997 |
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'Leiga' fala sobre desemprego e vira best seller
BETINA BERNARDES
Com o livro "L'Horreur Économique", editado pela Fayard, ela vendeu 170 mil exemplares escrevendo, basicamente, sobre o desemprego. Não é um relatório de cifras ou um tratado sobre o assunto. É, antes de tudo, a expressão da indignação de uma "leiga" com a situação atual. Forrester é uma escritora, não uma economista. Se debruçou sobre números e normas do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entre outros órgãos, e procurou dar a eles um sentido humano, mas sem piedade. Para a autora, a era do emprego assalariado chegou ao fim. Os atualmente desempregados continuarão desempregados. A razão, para ela, é simples. As empresas não contratam simplesmente porque não têm necessidade. Os excluídos, por essa lógica que Forrester identifica, continuarão excluídos. A autora avisa que, permanecendo essa lógica, o próximo passo poderia ser a eliminação dessa massa. Feita essa constatação, Forrester leva o leitor a uma segunda etapa. Sim, os idealizadores dessa lógica sabiam que as sociedades poderiam chegar a esse ponto. Ela cita, por exemplo, Edmund Phelps, economista e professor da Universidade de Columbia, que colocaria a "incitação pela procura do emprego" como elemento fundamental para a redução da população de desempregados. "O senhor Phelps não ignora que o desemprego é endêmico, permanente. Que estar 'incitado' a procurar trabalho é quase sempre o estar a não encontrar", escreve. "O senhor Phelps deve saber que o problema não é de incitar a procurar um emprego, mas permitir encontrá-lo (...) Pensou ele na alternativa: mudar o esquema?", pergunta. Todo o livro é permeado de um sentimento de cólera e revolta pela situação atual. Forrester introduz o dedo a fundo na ferida da vergonha, esse sentimento que "enfraquece e paralisa", que transforma os desempregados em "presas" e os reduz a um número. É um olhar ingênuo? Uma grande revelação? Não. O fim do emprego, assim como o fim da história, vem sendo discutido há algum tempo nos meios acadêmicos. O que Forrester conseguiu, e talvez esse seja o maior mérito de seu livro, foi levar essa realidade às ruas. Com uma linguagem visceral, ela deu forma a uma intuição vaga que pairava sobre seus leitores: a impressão de que talvez não haja saída, que não há luz nem no fim do túnel. Sindicalistas levam seu livro aos debates na TV. Ministros são obrigados a responder perguntas colocadas em sua obra. Forrester despertou o pessimismo. Seu sucesso é visto como um sinal de alarme. Qual será o próximo passo? Texto Anterior: Pequenos crescem com a concorrência Próximo Texto: Bird prevê crescimento de 4% para a AL Índice |
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