São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Internet mostra clássicos do cinema

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O dia 22 de janeiro de 1997 entrou para a história da Internet. A partir dessa data, usuários da rede podem assistir regularmente a filmes pela tela do computador.
O AFI, The American Film Institute, criado em 1965 pelo presidente norte-americano Lyndon Johnson, coloca mensalmente na rede um filme clássico.
A estréia ficou por conta de Charlie Chaplin, com o filme mudo "The Rink", de 1916. Em fevereiro, será a vez de Buster Keaton, com o filme "The Boat", de 1921, uma comédia de 21 minutos.
Segundo Dan Harries, diretor do AFI, estão nos planos a exibição de filmes de Harold Lloyd, D.W. Griffith, Little Rescal e desenhos animados recentes.
Para assistir aos filmes, basta o usuário fazer um "download" (copiar) do programa VDOlive, que pode ser obtido gratuitamente pelo site da AFI (www.afionline.org). Em seguida, o usuário entra na sala virtual de cinema e assiste ao filme sem precisar salvá-lo.
Computador versus TV
A sorte está lançada. A pergunta que mais se faz nos bastidores da indústria eletrônica e nos corredores de Wall Street é: o computador aposentará a TV ou a TV engolirá o computador?
Já estão no mercado televisores capazes de acessar a Internet. Grupos econômicos de entretenimento se unem a empresas de telecomunicações.
Por outro lado, pouco a pouco o computador começa a exibir aquilo que era o ganha-pão da TV, imagens em movimento com som.
As empresas de software fazem serão em busca do programa ideal -programas de exibição como VMPEG, Vivo Play, Shockwave e VDOlive podem ser copiados gratuitamente por qualquer usuário.
Por enquanto, a guerra está sendo vencida com facilidade pela TV. O congestionamento de linhas devido à Internet torna lenta a exibição de filmes.
Para fazer um "download" do programa VDOlive, o usuário brasileiro gasta mais de uma hora. O filme "The Rink", apesar de ser em preto-e-branco, curto e mudo, chega truncado aqui.
Os equipamentos caseiros estão ainda longe do ideal para se ver pela Internet um filme como "Lawrence da Arábia".
Ainda é mais prático apertar o botão da TV ou dar um pulinho até a locadora mais próxima. Mas quem pode prever o futuro?
Para falar da iniciativa do AFI, Dan Harries concedeu uma entrevista por e-mail.
*
Folha - É a primeira vez que um filme clássico é exibido virtualmente?
Dan Harries - É a primeira vez que um filme antigo, clássico de Hollywood, é exibido totalmente sem precisar fazer um "download".
Folha - Mas o usuário tem de fazer um "download" do programa, o que leva tempo.
Harries - Estamos usando alto padrão de tecnologia de vídeo. Aqui nos EUA, leva 20 segundos para copiar o programa de vídeo. Depois, o filme é exibido por 20 minutos, sem interferência.
Folha - Qual o equipamento ideal para uma boa recepção?
Harries - Pode-se usar o Windows 95, NT ou PowerMac. O ideal é um modem 28.8 ou mais veloz, e o filme fica melhor sobre o ISDN ou T-1. Com o tempo, esses filmes vão ser mais bem transmitidos.
Folha - Esse é o futuro, comprar e assistir a filmes pelo computador?
Harries - Apesar de a qualidade de um videocassete ser maior, é a chance de uma pessoa que nunca iria alugar um Chaplin assistir a um clássico.
Folha - Por que Chaplin é o primeiro a ser exibido?
Harries - Queríamos começar com um estouro. Quem mais que Chaplin poderia ser? Nossa intenção é levar o patrimônio do AFI, que restaura filmes antigos.
Folha - A videoteca do futuro estará na memória do computador caseiro?
Harries - Tenho dúvidas. Nada pode substituir o prazer de assistir a um filme numa sala de cinema.

Texto Anterior: Wenders mostra seus Lumière em Paris
Próximo Texto: Rede mundial têm variedade de opções para público gay
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.