São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997![]() |
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Cronópios e famas se encontram no palco
DANIELA ROCHA
A peça reúne trechos e imagens usadas por Cortázar em vários de seus textos. A adaptação é de Rafael Camargo e a direção fica por conta de Cristina Pereira. "Fui parar nesse projeto por acaso", diz Cristina, que se considera uma atriz que dirige. Segundo ela, o espetáculo foi construído com exercícios desenvolvidos pelos atores no palco. "Todos leram muito Cortázar para poder transpor o espírito dos personagens e a atmosfera do texto para o palco." A montagem é da Companhia de Atores de Curitiba em conjunto com atores da trupe carioca Os Festa Baile. Na montagem, não existe uma divisão dos atores que interpretam os anárquicos cronópios, os meticulosos famas e os confiantes esperanças. "Consideramos que cronópios, famas e esperanças seriam estados pelos quais as pessoas passariam", disse a diretora. Os famas aparecem no momento em que um personagem passa o lenço no banco antes de sentar ou quando lava muito bem as mãos. "Daqueles que ficam muito tempo fazendo espuminha com o sabonete", segundo Cristina. Os cronópios são lúdicos: "Eles ilustram o momento em que as pessoas são capazes de atitudes fantásticas, anárquicas." Portanto, não há maniqueísmo na montagem. "Não há uma cena em que os cronópios se dêem mal. E os famas não são tão apaixonantes quanto os cronópios. Mas todos ficaram legais no palco." O espetáculo é composto de quadros, com ações isoladas. "Não poderíamos escapar da fragmentação em uma adaptação do texto de Cortázar", disse. Existem na peça brincadeiras com as palavras e com os movimentos. O espetáculo leva ao palco até mesmo um pugilista, como referência do fascínio de Cortázar pelo boxe. O cenário é caracterizado como uma aldeia. "São nichos sobre rodas parecidos com casulos, que são o símbolo de todas as aldeias do mundo", afirmou Cristina. Evento: Mostra Sesi de Artes Cênicas Peça: Histórias de Cronópios e de Famas De: Julio Cortázar Adaptação: Rafael Camargo Direção: Cristina Pereira Quando: estréia hoje, com apresentação hoje e amanhã às 17h e 20h30 Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 284-9787) Ingressos: gratuitos, distribuídos uma hora antes do espetáculo Texto Anterior: Alberto Cavalcanti, 100 anos Próximo Texto: Kadoshi e Banda Rara cantam, dançam e rezam no Memorial Índice |
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