São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997 |
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Argentina vende mais alimentos
RODRIGO BERTOLOTTO
Nesse período, o Brasil pulou de quinto para primeiro importador dos produtos argentinos, ultrapassando Holanda, Alemanha, Estados Unidos e Espanha. Isso explica a reação imediata das autoridades do país vizinho quando o Brasil, por meio de uma portaria do Ministério de Saúde, criou obstáculos para esse comércio (leia texto nesta página). A queixa argentina fez o Brasil recuar com a medida nesta semana, colocando fim à crise-relâmpago em uma área que permanecia longe das polêmicas do Mercosul. Desta forma, permanece a salvo tendência de aumento no comércio para 1997 entre os dois maiores sócios do bloco econômico. Por outro lado, os argentinos compraram do Brasil US$ 365 milhões em produtos alimentícios, quatro vezes menos do que venderam ao vizinho no ano passado. Leite, peixe e legumes Os alimentos que a Argentina mais exporta ao Brasil são o trigo (US$ 661 milhões) e o milho (US$ 117 milhões), que são comercializados sem qualquer elaboração. Esse comércio foi menos dinâmico nos últimos cinco anos, crescendo apenas 50%. Já entre os produtos alimentícios industrializados, o cenário é outro. Os produtos lácteos foram os que mais prosperaram no mercado brasileiro. Em 1992, as vendas argentinas de leite e derivados ao Brasil eram da ordem de US$ 1 milhão. Em 1996, o negócio se multiplicou e chegou a US$ 225 milhões. Isso se reflete no ranking das empresas que mais exportam para o Brasil. Entre as seis primeiras colocadas, quatro são de produtos lácteos: Nestlé, Sancor, Mastellone (La Serenísima) e Milkaut. Atrás dos lácteos estão os legumes e as hortaliças -que ocupam a segunda colocação, com exportações de US$ 155 milhões-, seguidos pelas vendas de peixes e de frutas frescas (ambos com US$ 145 milhões). Primeiro lugar A empresa campeã de exportação ao Brasil é a Molinos Rio De La Plata, que é liderada pelo tradicional grupo Bunge & Born. A Molinos estima que suas vendas devam alcançar US$ 95 milhões neste ano. Os produtos que a empresa mais vende ao Brasil são arroz, óleo (de girassol e de soja), macarrão e bolacha. "Exportar foi o caminho para não demitir nossos funcionários", afirmou o executivo da Molinos, Jorge Castro Volpe. Os setores da agroindústria e da indústria de alimentos argentinos receberam um investimento de US$ 6 bilhões entre os anos de 1991 e 1995. Desse total, US$ 1,6 bilhão veio do exterior, com a venda de muitas das empresas tradicionais do país para multinacionais, como as fabricantes de doces Terrabusi e Bagley -compradas respectivamente pela norte-americana Nabisco e pela francesa Danone. Texto Anterior: Baixa produtividade provocou a queda Próximo Texto: Produtos geram nova discussão Índice |
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