São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Governo conta 330 votos pró-Temer

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Fernando Henrique Cardoso conta com 330 votos para Michel Temer (PMDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara e trabalha nos bastidores pela retirada das candidaturas de Wilson Campos (PSDB-PE) e Prisco Viana (PPB-BA). Os dois candidatos rechaçaram esta possibilidade.
Campos criticou ontem as declarações de FHC em favor de Temer. "Foi extemporâneo. Jamais, como presidente da República, ele poderia antecipar o seu voto. Isso me deixa triste, porque o governo sempre mereceu o meu mais alto respeito."
Prisco afirmou: "Felizmente, ele não é deputado. Trata-se de uma interferência que nunca se viu. Compromete a harmonia entre os Poderes. Politicamente também está errada, porque ele não sabe com quem vai ter que conviver".
Temer disse que torce pela retirada das outras candidaturas: "Ansiamos por isso. Seria bom para a Câmara, porque teríamos uma Mesa mais equilibrada".
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), em visita ao gabinete de Temer, também considerou que seria positiva a desistência dos outros candidatos: "Acho que seria muito bom".
A cúpula do PSDB está usando dois argumentos para forçar Campos a renunciar. Primeiro, avisa que 70% do PSDB vai votar em Temer. Com isso, o candidato tucano teria menos de cem votos.
Depois, lembram que Campos poderá fazer uma composição e conseguir um cargo na Mesa. Na 1ª secretaria, cargo que ocupa atualmente, o deputado tem 35 funcionários à sua disposição.
Luís Eduardo tomou ontem uma decisão que favorece Temer. Ele rejeitou pedido de Prisco e decidiu realizar um eleição conjunta para presidente e demais cargos da Mesa Diretora.
O regimento interno na Câmara prevê a eleição conjunta para todos os cargos, o que respalda a decisão de Luís Eduardo.
Mas essa regra foi quebrada na eleição de Inocêncio Oliveira (PFL-PE), em 1993.
Primeiro foi eleito o presidente, numa disputa de Inocêncio com Odacir Klein (PMDB-RS). Depois de uma nova composição entre os partidos, foram eleitos os demais cargos da Mesa.
Com a eleição em dois tempos, Prisco poderia concorrer para presidente sem prejudicar o PPB.

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