São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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'Tribos' disputam pedreira desativada

Escaladores e banhistas dividem área de lazer

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Serra da Cantareira esconde um recanto cinematográfico de lazer, que, nos fins-de-semana, atrai tribos de perfis opostos.
No outro córner, banhistas que chegam da zona norte de São Paulo em bicicletas, Brasílias, Opalas e até levados por perueiros. Sempre com espetinho, cerveja e bóia na bagagem.
Eles se banham no lago que se formou na cratera, de tom verde claro e cerca de 40 mil metros quadrados. Foi a água que minou do solo que expulsou as máquinas e a dinamite.
O local fica a cerca de 25 km do centro da capital, no município de Mairiporã. Sua beleza o tornou cenário para locação de filmes publicitários.
Guerra
Em fins-de-semana de sol, a pedreira desativada atrai centenas de pessoas de cada uma das duas facções. O espaço não é pequeno, mas isso não impede os grupos de trocar cotoveladas, especialmente por conta de uma questão urbana -o lixo.
Os escaladores não perdoam os banhistas que abandonam latinhas de cerveja e restos de churrasco por ali. "O cara joga o lixo na água onde nada", condena João Paulo Mazzilli, 31, considerado o descobrir da escalada.
Um grupo de 22 pessoas, que ontem saiu do Jardim Rodrigues Alves (zona norte), não deixava Mazzilli mentir.
Manoel Lopes, a mulher e três filhos, mais três cunhadas com seis filhos e outros oito amigos, foram logo cedo, de lotação, para a pedreira.
Entre um mergulho e outro, saboreavam asinhas de frango e espetinhos de carne. Fiéis da Igreja Adventista do Sétimo Dia, não tomavam cerveja. O destino dos frascos de refrigerante, no entanto, era o matinho ao lado.
"No final, a gente cata", prometeu um dos amigos.
O cuidado com a conservação se explica. As escaladas são muito mais do que se poderia esperar àquela distância da capital.
Na língua dos escaladores, as encostas da pedreira oferecem grau de dificuldade 7 superior -o máximo é o 10 superior. Também permite tirolesas (manobra em que se vai de um paredão a outro com ajuda de uma roldana) de até 170 metros.
"Aqui é uma adrenalina animal", diz a estudante Mônica Pimenta, 21. "Cada um queria encontrar o lugar vazio, só para seu grupo", afirma a amiga Cristiane Richter, 21.

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