São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Confab sai da crise e recupera gás na Bolsa

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Confab dispararam nas Bolsas nos últimos meses e continuam chamando a atenção dos analistas de investimento.
Maior fabricante nacional de tubos de aço e produtora de equipamentos para o setor de bens de capital, a Confab saiu do buraco após um forte processo de reestruturação nos últimos quatro anos.
Na semana passada, a empresa coroou o regime ao vencer a concorrência para fornecer 440 mil toneladas de tubos para o tão esperado gasoduto Brasil-Bolívia, pelo que vai receber US$ 393 milhões dos US$ 665 milhões previstos para gastos dessa natureza.
O gasoduto custará, ao todo, US$ 1,9 bilhão. Terá mais de 3.000 quilômetros de extensão e permitirá a importação inicial de 8 milhões de metros cúbicos de gás natural boliviano, a partir de 98.
Para a Confab, o contrato representará um acréscimo de 50% nas receitas da companhia com a venda de tubos (cerca de US$ 200 milhões por ano) no biênio 97/98.
Antecipação
A vitória da Confab, em consórcio com a "trading" japonesa Marubeni (que fornecerá os tubos do lado boliviano), já era esperada pelo mercado acionário. É o que indica a expressiva valorização de suas ações em Bolsa no segundo semestre de 96 (veja gráfico).
Segundo a consultoria Economática, no segundo semestre do ano passado Confab PN (sem direito a voto) inverteu uma queda nominal de 5% até junho e valorizou-se 203%. Fechou o ano em alta de 187,18%, muito acima da variação do Ibovespa, de 63,76%. O Ibovespa mede a variação dos 49 papéis mais negociados na Bolsa de Valores de São Paulo.
No mês passado, quando houve a comemoração final do contrato milionário, a empresa manteve o gás na Bolsa e subiu outros 13,4%, acompanhando o Ibovespa.
"O gasoduto irá impulsionar os resultados da Confab a partir deste ano. A empresa havia conseguido voltar a ter lucro antes de vencer a concorrência, o que já era um bom sinal", diz Veridiana Machado, analista do Banco Tendência.
Ela renovou na semana passada a recomendação de compra firme ("strong buy") das ações da Confab. Até a faixa de preço de R$ 1,34 por ação. Acima disso, o conselho será manutenção ("hold"). Na sexta-feira, Confab PN fechou com cotação de R$ 1,27.
"O setor de bens de capital continua no buraco, mas a Confab está na nossa lista de recomendações devido ao ajuste que implementou nos últimos anos", afirma a analista do Tendência.
Em quatro anos, a Confab reduziu o quadro de pessoal de 6.000 funcionários para 2.500 e dobrou a produtividade de suas várias unidades industriais. Embora suas vendas e produção total tenham caído em 96, a empresa voltou a ver a cor do lucro.
Nos primeiros nove meses do ano passado, o lucro líquido atingiu R$ 10,4 milhões, segundo o critério contábil vigente (sem correção monetária integral). No mesmo período em 95, o resultado fora negativo em R$ 18,8 milhões.
Após o anúncio do gasoduto, Veridiana Machado reviu, para cima, suas projeções de lucro para a empresa. Neste ano, o lucro deverá atingir US$ 24 milhões. Em 97, US$ 28,7 milhões.
Sérgio Missima, analista do Banco Fator, também está reajustando suas projeções. O Fator recomendava a compra das ações da Confab desde maio, quando elas valiam R$ 0,37. Missima, no entanto, acha que agora é melhor ter cautela, dada a expressiva valorização do papel:
"Os preços da ação já embutem a virada da empresa e a vitória na concorrência do gasoduto. No preço que está, eu recomendaria a manutenção ('hold')", diz ele.
Fã do papel, o banco Fonte Cindam mantém o "strong buy". "Continuamos otimistas", afirma o gerente André Paes.

E-mail: papeis@uol.com.br

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