São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Brasil e Nafta têm prioridades divergentes

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia numa ponta e, na outra, três altos funcionários dos países do Nafta (Estados Unidos, Canadá e México) não fizeram a menor questão de esconder suas divergentes prioridades.
Foi durante sessão sobre "Comércio nas Américas", realizada como parte da edição 1997 do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça.
Stuart Eizenstat, subsecretário de Comércio norte-americano, reconheceu que os Estados Unidos gostariam de "ir mais depressa do que outros", na constituição da Alca (Área de Livre Comércio das Américas, que englobará 34 países americanos, excluída apenas Cuba).
Eizenstat admitiu, também, que o Brasil aposta mais na consolidação do Mercosul, o bloco formado com Argentina, Paraguai e Uruguai.
Aprofundamento Lampreia não desmentiu Eizenstat. Ao contrário: deixou claro que o Brasil quer não apenas consolidar o Mercosul, mas aprofundá-lo. Consolidar significa estabelecer padrões comuns não só para o comércio, mas em todos os demais setores.
Ou, como disse o chanceler brasileiro, não se trata de criar apenas uma zona de livre comércio, mas "um verdadeiro mercado comum" entre os quatro.
Ampliar significa incorporar, "mais cedo do que tarde", pelo menos a Bolívia e o Chile.
Bloco forte
A lógica por trás dessa prioridade é óbvia: um bloco sul-americano mais numeroso e, portanto, mais forte poderia negociar em melhores condições com o portentoso vizinho do Norte as regras para a Alca.
Lampreia lembrou ainda que, ao contrário de outros países (em clara alusão ao México), o Brasil tem um comércio relativamente limitado com os EUA (não mais do que 20% das transações internacionais brasileiras).
"Não queremos deixar de lado essa diversidade comercial, que é um ativo muito valioso, pois nos protege e nos dá alternativas", diz Lampreia.
Ou seja, apressar a Alca significa inevitavelmente passar a comerciar mais com as Américas, como sempre ocorre quando se cria uma zona de livre comércio.
No caso, significaria ampliar o comércio com os Estados Unidos, pelo seu formidável peso econômico na região e no mundo.

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