São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Hepburn aceita o amor

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

No início de "Bonequinha de Luxo" (USA, 14h) uma lenda: Audrey Hepburn não deveria estar ali. Não deveria ser ela, mas Marilyn Monroe, a pessoa que faria da atração pela sofisticação um delírio nas ruas de Nova York.
Hepburn então surge como alguém em quem não se acreditava, uma surpresa no caminho das divas de Hollywood. A mulher que divide com Blake Edwards os méritos da atração irresistível que o filme, realizado em 1961, guarda até hoje.
Surge então Holly Golightly, a cortesã moderna que disfarça de si mesma sua função e chama seu pagamento de "um pequeno presente".
Holly deseja a riqueza no lugar do romance. Não exatamente porque fez da ambição seu motivo para estar no mundo. A razão, na verdade, é outra. Ela não pretende correr o risco da perda.
O fato de se deixar abandonar na vida de um outro, a vertigem amorosa, é um sofrimento inaceitável. Holly pretende, apenas, um universo sob controle.
E tudo termina quando se rende ao inevitável, à paixão pelo vizinho do apartamento ao lado que a convence, finalmente, que o medo é a incapacidade de aceitar a própria existência.
Nesse momento é que Edwards realiza seu mais poderoso ato de prestidigitação: transforma esse conto sobre pessoas perdidas e derrotadas em uma contida história de amor.
(MR)

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