São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Maxwell a "Sade masculina"

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Maxwell resgata a 'soul music'
"Herdeiro de Marvin Gaye" é o título que o norte-americano Maxwell, 22, arrebatou depois de lançar "Urban Hang Suite", álbum que recupera o soul de letras românticas dos anos 70 imortalizado pelo compositor de "Sexual Healing" e acaba de ser lançado no Brasil pela Sony.
Destaque numa leva de artistas que inclui os ainda pouco conhecidos D'Angelo, Tony Rich -indicado ao Grammy de revelação 97- e Omar, Maxwell colocou seu álbum na 12ª posição da parada de rhythm'n'blues da revista "Billboard" e ganhou disco de ouro.
Nos Estados Unidos, seu primeiro hit foi "...Til the Cops Come Knockin"'. Depois disso, seu trabalho foi comparado ao de Gaye e Steve Wonder. Há ainda os que o consideram a Sade masculina.
O cantor não parece confortável com as comparações. "Respeito muito esses artistas, mas quero soar como eu mesmo", disse à imprensa norte-americana.
O trunfo do sucesso de Maxwell parece ser exatamente o fato de ele se distanciar do R&B, o gênero mais popular da música negra nos EUA, que reúne nomes como Whitney Houston e Boyz II Men e tem em Keneth "Babyface" Edmonds seu atual papa.
A maneira de fazer isso é simples: optar pela volta ao acústico em lugar do eletrônico.
Maxwell já aparece nas pistas de São Paulo, em casas noturnas com noites dedicadas à musica black, e até na programação de algumas rádios. Seus vídeos, por enquanto, são mais frequentes na MTV Latino -disponível para quem tem TV paga.
Três DJs que trabalham com música black falaram sobre Maxwell à Folha.
Grand Master Ney
Coordenador de DJs da casa noturna Dolores, em São Paulo:
"No início, acredito que Maxwell será aceito por um público seleto, porque a música negra norte-americana não tem a abertura devida no Brasil, mas ele tem potencial para estourar. É lógico que isso depende de sorte e de boa divulgação.
A música de Maxwell é atual, na linha funk, mas, ao mesmo tempo, voltada para a tradição, o que fica demonstrado por um lado acústico muito forte. Os samplers são bem trabalhados. Ele resgata samplers da SOS Band, um grupo muito pouco utilizado até agora.
Para mim, Maxwell tem um trabalho comparável ao das bandas do auge da funk music, como Brothers Johnson, com uma levada de baixo dançante, compassada, sem muita viagem. É uma coisa simples, que atinge direto esse público de música funk, de música black."
Will Robson
Produtor do Sub Club e DJ do Mercado Mundo Mix:
"Ele é considerado o novo Marvin Gaye. Faz um trabalho extremamente acústico. É mais soul, misturado um pouco com R&B e muito romântico. Ele resgatou o soul dos anos 70. Além dele, há gente que já faz isso na Inglaterra, onde aconteceu um certo revival desse tipo de música.
Outra semelhança com Marvin Gaye é que Maxwell faz muitas harmonias com cordas. Gaye nunca soube tocar cordas, mas fazia arranjos assim.
Na Europa, Maxwell é a coqueluche. No Brasil, as coisas de R&B só viram hit por meio de vídeos ou se virarem trilha de novela. Fora isso, acho difícil estourar.
Na programação da rádio Eldorado, inclui canções dele como 'Sumthin' Sumthin', 'Ascencion (Don't Ever Wonder)' e 'Whenever, Wherever, Whatever"'.
Paulo Brown
DJ às quartas-feiras no Dolores e da rádio Bixiga FM:
"Maxwell é a soul music dos anos 90, ou seja, seu trabalho tem uma roupagem anos 90, com arranjos mais próximos ao R&B, mas com conteúdo de anos 70.
Para mim Maxwell é a Sade masculina, seus vocais tem muito requinte. Fiquei louco quando ouvi o trabalho dele pela primeira vez, em Nova York. Lá, ele estourou em julho com '...Til the Cops Come Knockin". Logo trouxe o disco e toco bastante na rádio comunitária Bixiga FM."

Disco: Urban Hang Suite
Lançamento: Sony Music
Quanto: R$ 18, em média

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