São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997 |
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Telas de Frans Post vendidas em NY não vêm para o Brasil
CELSO FIORAVANTE
Elas foram vendidas na última quinta-feira, em Nova York, por US$ 4.512.000 e US$ 1.872.500, respectivamente. Os dois quadros foram comprados por colecionadores particulares estrangeiros, segundo o livreiro Pedro Corrêa do Lago, que instruiu os dois compradores durante o leilão, na Sotheby's. "Posso garantir que nenhum deles irá para o Brasil ou para Portugal, como a imprensa do Brasil noticiou", disse Corrêa do Lago por telefone à Folha em Nova York. Corrêa do Lago é diretor da Sotheby's em São Paulo e está escrevendo, com sua mulher, um livro sobre a obra de Frans Post, a sair no ano que vem. O preço pago pelo quadro "Vista da Cidade" representa o recorde mundial para uma obra produzida no Brasil e ultrapassou em mais de cinco vezes a avaliação da Sotheby's: entre US$ 600 mil e US$ 800 mil. Bateu ainda o recorde mundial para uma obra de Post. "O quadro saiu vencedor desde o início, mas eu esperava que ficasse em torno de US$ 2 milhões", disse Corrêa do Lago. "Vista da Cidade" foi encontrado em um castelo da Baviera (sul da Alemanha). Era um dos trabalhos mais importantes disponíveis no leilão por se tratar de um dos 18 produzidos no Brasil (11 deles estão desaparecidos). "O Post agora é gente grande entre os mestres antigos. Esse foi o leilão mais importante deste tipo desde o leilão do Pontormo", disse Corrêa do Lago, referindo-se ao leilão da Christie's de maio de 1990, quando a tela "Retrato do Duque Cosimo 1º de Florença", de Jacopo Pontormo, foi comprada por US$ 35,2 milhões pelo museu Getty, de Malibu (Califórnia). Com uma arrecadação de US$ 47,6 milhões, o leilão de mestres antigos da Sotheby's quebrou o recorde da Christie's, que em 1989 levantou US$ 45,4 milhões. "Não foi um leilão de esquina. Até o Post atingir US$ 3,5 milhões, havia cinco ou seis pessoas competindo pelo trabalho", disse Corrêa do Lago. Post ganhou fama devido às paisagens que realizou com elementos brasileiros. Ele esteve no Brasil entre 1637 e 1644, trabalhando para João Maurício de Nassau, príncipe holandês que governou a Holanda Equatorial, na capitania de Pernambuco, nesse período. Nassau trouxe artistas, como Post e Albert Ackout, para que retratassem fauna, flora e costumes. Depois de voltar para a Holanda, o pintor continuou realizando temas brasileiros, mas de memória. Post não foi, entretanto, a única estrela holandesa do leilão. Uma minúscula tela de seu conterrâneo Rembrandt foi vendida por US$ 2,9 milhões. "Retrato de Busto de um Velho com Barba" (1633) mede 11 cm x 7 cm e é a menor de suas obras em óleo sobre papel. Com agências internacionais Texto Anterior: Londres expõe últimas obras de Braque Próximo Texto: Filme de 29 sobre São Paulo é restaurado Índice |
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