São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Miami abre festival com ares de Hollywood

EDIANA BALLERONI
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MIAMI

Holofotes cortando o céu, um desfile de limusines brancas de vidros negros, Sylvester Stallone escoltado por guarda-costas, fãs e muitos decotes profundos: o Festival de Cinema de Miami abriu na última sexta-feira com ares hollywoodianos.
Além de Stallone, passaram pelo tapete vermelho exclusivo das celebridades os atores Steven Bauer ("Scarface"), Barry Otto ("Vem Dançar Comigo"), Toni Collete ("O Casamento de Muriel" e "Emma").
Os 1.700 lugares do Gusman Theatre -no centro da cidade- lotaram. Os ingressos para a noite de estréia e para a de encerramento (quando será exibido "Tieta do Agreste"), vendidos a US$ 25 cada, estavam esgotados há mais de uma semana.
O filme de abertura -o australiano "Cosí"- não fez jus à pompa da noite, contudo.
Uma comédia cheia de boas intenções, "Cosí" conta a história de um jovem desempregado (Lewis, o ator Ben Mendelsohn) que é contratado por um hospício para montar um show de variedades usando os internos como artistas, a título de atividade terapêutica.
Ele é convencido por um dos loucos (Roy, interpretado por Barry Otto) a montar a ópera "Cosí Fan Tutte", de Mozart. A ópera se desenvolve ao redor dos temas amor, fidelidade e traição. Paralelamente à montagem da obra, Lewis vai se deparando com problemas em sua vida pessoal em relação às mesmas questões.
Os loucos de "Cosí", provavelmente, só são encontrados na Austrália: puros, filosóficos, engraçados.
O final é absolutamente previsível, tanto no desfecho da montagem da ópera como em relação à vida de Lewis.
Após a passagem dos créditos no fim do filme, o diretor Mark Joffe reservou uma pequena surpresa para o público. Quem tiver paciência, pode aguardar.
O melhor do filme são os atores que interpretam os loucos. Otto dá ao obsessivo Roy cor e luz própria, construindo os melhores momentos da película.
Durante o fim-de-semana, outros 11 longas-metragens e dois curtas foram exibidos. Apenas dois filmes eram premières nos Estados Unidos: o polêmico "Guy" e "Jazz '34: Remembrances of Kansas City Swing".
Em "Guy", um rapaz chamado Guy (que também significa "rapaz", em inglês) aceita que uma diretora de cinema o acompanhe, supostamente imperceptível, por 24 horas, sem qualquer restrição.
A proposta metalinguística do diretor do filme, Michael Lindsay-Hogg, é obviamente mostrar que é impossível não "notar" a câmera, o seu poder, sua capacidade de mudar o comportamento das pessoas.
"Jazz '34" é a direção e produção mais recente de Robert Altman, que cresceu em Kansas City na década de 30, onde o jazz era a música de fundo da vida cotidiana. O filme é uma grande "jam session"

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