São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Famílias e crianças dominam a praia

Comércio ajuda a manter clima doméstico

MARISTELA DO VALLE
DA ENVIADA ESPECIAL

Juqueí é frequentada principalmente por famílias. Na praia é possível ver crianças, bebês, pais, mães e avós. Nas noites de verão, trechos da avenida Mãe Bernarda ficam lotados de pré-adolescentes.
Esse clima característico pode ser observado no bar do Pirata, boa alternativa para comer petiscos apreciando o mar.
"Fazemos questão de manter o ambiente bastante familiar", diz o proprietário, Rubens Chaves, apontando os carrinhos de bebê entre as mesas.
Ele é uma daquelas pessoas que se mudam para a praia em busca de sossego. Foi para Juqueí há 12 anos.
O Pirata começou com 12 mesas. Hoje tem uma centena.
Chaves diz abrir mão de algumas coisas. "Faz 13 anos que não coloco um sapato e 8 que não vou ao cinema."
Ele considera que vale a pena passar por esses sacrifícios. "Juqueí já está ficando muito cheia. Neste ano, vou procurar uma praia mais sossegada, talvez na Bahia."
As pedras de Juqueí também são utilizadas pelos praticantes de "bike trial", um esporte que consiste em pedalar entre obstáculos.
"Em São Paulo, treinamos no Ibirapuera, onde há troncos caídos, ou até em telhados de casas", diz Valter Leal, 21.
Ele afirma que na praia há opções diferentes de obstáculos e, por isso, gostou de Juqueí.
História
O local hoje chamado de Juqueí era, no passado, uma fazenda de bananas pertencente a um português, de acordo com Moacyr Colli Junior, presidente da Samju (Sociedade Amigos de Juquehí).
Colli conta que o filho do dono da fazenda tinha bronquite. Por isso, o português foi morar ali com a esposa.
O casal morava do lado direito (de quem olha para o mar) da praia e teve seis filhos. Junto com a amante Bernarda, caiçara que morava do outro lado da praia, o "colonizador" teve mais 13 filhos.
Após a morte do patriarca, seus 19 descendentes dividiram o território em faixas que iam da orla ao pé da serra do Mar, que delimita a praia.
Segundo Colli, até hoje os caiçaras de uma ponta da praia são inimigos dos moradores da outra ponta. "Parece aquelas histórias de famílias que sempre foram inimigas, mas ninguém sabe o porquê", diz.
(MV)

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