São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Votos do PSDB devem dar vitória a ACM contra Iris

RAQUEL ULHÔA
MARTA SALOMON

RAQUEL ULHÔA; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tucanos anunciam apoio a pefelista em nome de 'equilíbrio' no Congresso

Com apoio formal do PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) deve ser eleito hoje o novo presidente do Senado.
O líder do governo, senador Elcio Alvares (PFL-ES), contabilizou 49 votos garantidos a favor de ACM. O placar poderia chegar aos 53 votos de 81 senadores.
Apesar do favoritismo do candidato pefelista, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), preferiu a cautela. "Eleições em colégio eleitoral pequeno e com voto secreto são as mais difíceis e o resultado é imprevisível."
O senador Iris Rezende (PMDB-GO), adversário de ACM, tentou até o último momento evitar o apoio explícito do PSDB ao candidato do PFL. Rezende apelou em vão, mais uma vez, ao próprio presidente, em audiência no Palácio da Alvorada, pela manhã.
A bancada de 13 senadores do PSDB tornou público o apoio a ACM, como havia sido negociado previamente pela cúpula política do governo, no acordo que prevê o rateio de poder entre PFL e PMDB no comando do Congresso.
"Na Câmara, estamos apoiando o candidato do PMDB, Michel Temer (SP). No Senado, não tínhamos alternativa, a não ser apoiar o candidato do PFL, para manter o equilíbrio", afirmou o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
Mesmo após a decisão dos tucanos, Rezende não se deu por derrotado. " Dentro da cabine indevassável, o que conta é a vontade e a convicção de cada um", disse.
ACM, que já havia sido informado previamente da decisão do PSDB, por um telefonema do líder tucano, disse que estava confiante na vitória, mas não apostou publicamente num placar. "Terei no mínimo 41 votos", afirmou, referindo-se apenas ao número mínimo de votos capaz de garantir a eleição do sucessor de Sarney.
O próximo presidente do Senado vai administrar a Casa por dois anos e terá como uma das primeiras missões comandar a votação da emenda da reeleição.
Sequelas
FHC reiterou ao candidato do PMDB que se manteria afastado da disputa no Senado. Na Câmara, O presidente se engajou na candidatura de Temer.
A posição de FHC não tirou de ACM a condição de candidato governista. O PSDB se considerou liberado para apoiá-lo, depois que Rezende articulou o adiamento da votação da reeleição.
Outro fato que levou o PSDB a romper uma indefinição estratégica e a apoiar ACM formalmente foi o acordo que o candidato do PMDB fez com os partidos de oposição (PT, PDT, PSB e PPS) durante a campanha.
Na avaliação dos governistas, a posição dos tucanos não provocará maiores sequelas na base de apoio do Planalto. O próprio candidato peemedebista atestava isso: "O presidente me garantiu a isenção do governo e eu não tenho porque duvidar da palavra dele".
O líder do PMDB, Jader Barbalho (PA), confirmou a disposição de continuar apoiando o governo. "Essa recomendação (dos tucanos) vale tanto quanto à da convenção do PMDB contra a reeleição: não precisa ser obedecida."
Os 13 senadores do PSDB não são obrigados a votar em ACM, porque não houve "fechamento de questão", mas apenas uma recomendação formal de apoio.

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