São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Procuradoria de Justiça pedirá à CPI cópia de documentos do BC

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, vai pedir à CPI do Senado cópia de todos os documentos do Banco Central sobre suposta irregularidade na venda de títulos na administração Paulo Maluf.
Se comprovados os indícios de irregularidades, a Procuradoria de Justiça pretende abrir inquérito para punir os responsáveis por eventuais danos aos cofres públicos. A investigação abrangerá todo o Estado de São Paulo.
As supostas irregularidades da administração Maluf podem ser objeto de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo. O vereador José Eduardo Martins Cardozo (PT) já tem requerimento de CPI assinado por 41 dos 55 vereadores.
"Estamos diante de um dos maiores escândalos financeiros já praticados em São Paulo", diz Cardozo. "A Câmara tem obrigação de apurar isso." Ele quer a contratação de uma empresa de auditoria para ajudar na apuração do caso.
As assinaturas ao requerimento de CPI foram obtidas no final do ano passado, durante rebelião dos vereadores da base de apoio de Maluf-Celso Pitta. Para Cardozo, o documento vale para este ano. "Há base regimental para isso."
A Folha tentou falar ontem com o vereador Miguel Colassuono, que foi líder do governo Maluf na Câmara.
Ele não estava em seu gabinete, no escritório, nem em casa. Maluf também não quis falar.
O líder do PT na Câmara, Devanir Ribeiro, disse que, se comprovada mesmo a irregularidade, Pitta poderá ser enquadrado na lei 201/67, que responsabiliza autoridades por malversação de dinheiro público. A lei pode atingir Maluf.
"O secretário não faz nada sem a autorização do prefeito", diz Ribeiro. Na época da operação, Pitta era secretário das Finanças. "Mas é o prefeito o responsável por todos os atos de seu secretariado."
A suposta irregularidade envolvendo a administração Maluf teve repercussão ontem na base de apoio malufista no Congresso. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP) não acredita que o episódio possa prejudicar os planos futuros de Maluf.
Para Sá, cabe a Pitta dar explicações sobre o caso. "Quem era o secretário das Finanças era o Pitta", afirmou. "Ele tem que esclarecer tudo", declarou.
"Já fui secretário de Maluf e sei que ele é o tipo de prefeito que dá tarefas a um secretário e não quer saber como você cumpre", afirmou. O deputado Pauderney Avelino (PPB-AM) tem outra opinião sobre a venda dos títulos.
"Se eu fosse prefeito ou governador e se um secretário meu fizesse alguma coisa que eu não soubesse, eu o demitiria", afirmou Avelino. "Antes de fazer qualquer ato, o secretário tem que dar ciência ao prefeito", disse o deputado.
A Folha apurou que há preocupação entre os malufistas em preservarem ao máximo a imagem do ex-prefeito. Embora tenha falado sobre o caso no início das investigações, a ordem agora é evitar declarações.
A assessoria do ex-prefeito informou ontem que a entrevista dada por Pitta à Folha era suficiente para explicar o caso. Segundo a assessoria, também seria publicada uma nota nos jornais de hoje sobre o episódio.

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