São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Pitta nomeia administrador sob suspeita

ROGÉRIO GENTILE e RICARDO FELTRIN

ROGÉRIO GENTILE; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-administrador da regional de São Miguel, afastado por suspeita de irregularidade em 96, recebe novo cargo

Eufrazio Pereira Meira, primeiro administrador regional nomeado na gestão Celso Pitta -para a regional da Penha, zona leste-, foi exonerado no ano passado do governo, suspeito de irregularidades na regional de São Miguel. Ele era o administrador.
Meira foi considerado suspeito de envolvimento em pagamentos irregulares da prefeitura a empresas coletoras de entulhos.
Além dele, mais um funcionário foi exonerado em São Miguel por causa da suspeita.
Meira foi procurado pela Folha das 17h às 22h30, mas não foi localizado (leia texto ao lado).
O suposto esquema seria o seguinte: hoje, a prefeitura paga empresas privadas para que recolham entulhos das ruas.
Cada regional pesa o volume de entulho coletado e é responsável pela requisição de pagamento pelos serviço -feito pela Limpurb.
Há uma média estatística de coleta: na cidade inteira, são 80 mil toneladas de entulho por mês, segundo a Secretaria das Administrações Regionais.
Só a regional da Penha, somadas a outras duas regionais -que a prefeitura não soube informar quais na tarde de ontem- teriam coletado cerca de 100 mil toneladas de entulho em dezembro de 95.
O súbito aumento de coleta despertou suspeitas na SAR, que determinou o afastamento de funcionários das três regionais -entre eles, Meira.
O processo ainda tramita na prefeitura.
Secretário
O secretário das Administrações Regionais, José Opice Blum, afirmou ontem à Folha que não sabia do processo administrativo envolvendo Eufrazio Meira, que tramita atualmente na prefeitura.
Blum declarou ter pedido apenas uma certidão de antecedentes criminais a Meira. "Não pedi nenhuma investigação sobre eventuais processos administrativos ou sindicâncias", disse Blum.
"Se for confirmado que ele está sob investigação, vou exonerá-lo imediatamente", declarou.
Informado pela reportagem sobre o processo administrativo por volta das 21h, Blum disse que, naquele horário, não havia condições de checar a informação.
"De agora em diante, além de apresentar os antecedentes criminais, qualquer pessoa indicada para as administrações regionais vai ter seu passado administrativo investigado também."
Blum afirmou que o administrador veio por indicação da "assessoria do prefeito".
Entenda a crise
No final do ano passado, as regionais se tornaram focos de uma crise política entre os vereadores do PPB e Celso Pitta.
Pitta afirmara que iria intervir nas indicações de administradores -até então um "direito político" da bancada governista.
Por causa disso, o PPB se rebelou e ameaçou retaliar o prefeito no Legislativo, por meio de CPIs e cortes no Orçamento. A crise acabou dias antes da posse de Pitta, que aceitou manter o "direito de indicação" aos governistas.

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