São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trote violento queima aluno de 15 anos

DA FOLHA VALE

O estudante Felipe Marques Barbieri, 15, foi internado ontem com queimaduras de segundo grau no Pronto-Socorro de Taubaté (134 km a nordeste de SP) depois de ser submetido a um trote violento no primeiro dia de aula.
O trote foi aplicado na frente da escola Alfredo José Balbi, mantida pela Unitau (Universidade de Taubaté), no centro da cidade.
Felipe foi atingido por uma mistura de produtos químicos nas costas, braços e nádegas.
"O trote foi um ato de selvageria", disse o pai do estudante, Mauro Barbieri, diretor de um núcleo de pesquisa da Unitau.
A garrafa plástica com a substância foi apreendida pela Polícia Militar. O líquido será analisado pelo IML (Instituto Médico Legal).
O reitor da Unitau, Nivaldo Zollner, afirmou que proíbe qualquer tipo de trote. "Dentro da escola mantemos a segurança, mas nas ruas não podemos fazer nada."
A escola abriu sindicância interna para apurar o caso.
O trote foi aplicado por volta das 7h30 por um grupo de dez alunos veteranos, que não foram identificados até agora.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. Durante o trote, a Polícia Militar deteve três alunos, com os quais afirma ter apreendido tesouras e aparelho de barbear elétrico, do lado de fora da escola.
Os estudantes R.E.F, 17, A.M.A, 16, e D.M.A.S., 15, foram encaminhados para a Procuradoria da Infância e Juventude de Taubaté.
Além do material recolhido com os estudantes, a polícia também apreendeu fora da escola frascos com substâncias químicas utilizadas para pintar os calouros.
Polícia
Segundo a delegada de Defesa da Mulher, Margarida Brasiliana Monteiro, 36, que assumiu a investigação do caso, será difícil reconhecer o autor do crime, devido ao grande número de alunos presentes no local.
A PM estima que cerca de 200 estudantes participavam do trote.
A Unitau informou ter um vídeo do trote (leia texto abaixo).
Segundo a delegada, o crime é considerado de lesão corporal de natureza grave.
A pena varia de três meses a oito anos, caso o responsável seja maior de idade.
Em caso de o autor ser adolescente, a delegada disse que a pena será definida pelo Procuradoria da Infância e Juventude, de acordo com o Estatuto da Criança.
Vítimas
A reportagem da Folha encontrou outro estudante que também foi atingido pela substância, mas não fez queixa.
A polícia e a escola não tinham registro de outras vítimas até a tarde de ontem.

Texto Anterior: Meira não é encontrado
Próximo Texto: Escola pede apoio à polícia para coibir violência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.