São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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ONU estuda vinculação a aldeia global

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS, SUÍÇA

Nasceu ontem o que virá a ser a verdadeira aldeia global, mas em tempo real.
Como a Folha já havia antecipado na quinta-feira, chama-se Welcom, acrônimo para World Electronic Community ou Comunidade Eletrônica Mundial.
Apresentado ao sistema, o novo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, comprometeu-se a estudar a vinculação a ele da sua organização e de todas as suas agências, como a Unicef (que cuida da infância) e a OMS (que trata da saúde).
O Welcom é um sistema de videoconferência, que usa o protocolo da Internet, e que seus criadores apresentam como "uma rede privada, segura e de alto nível para comunicações face a face" entre as grandes empresas, funcionários governamentais do mais alto nível e especialistas das universidades de maior prestígio no planeta.
O idealizador é o Fórum Econômico Mundial, uma organização sem fins lucrativos com sede na Suíça, da qual fazem parte mais de mil empresas de grande porte. Vão da Nestlé à Microsoft, da Coca-Cola à General Electric, passando pelo brasileiro Unibanco.
Só por aí se pode ter uma idéia do potencial do Welcom para negócios (ver quadro com exemplos).
É, como diz Klaus Schwab, presidente e fundador do Fórum, uma "linha vermelha" conectando governantes, empresários e acadêmicos. Schwab lembra que o Fórum tem contatos regulares com cerca de 300 lideranças político-administrativas de todo o mundo.
Inclui ainda cerca de 300 acadêmicos como Jeffrey Sachs, o economista que a revista "Time" já batizou de o mais conhecido do mundo, o francês Luc Montaigner, pioneiro na pesquisa da Aids, e o escritor nigeriano Woyle Soinka, Nobel de Literatura.
Por fim, a relação do que o Fórum chama de "líderes da mídia" inclui editores chefes ou setoriais de publicações como o jornal britânico "Financial Times", o norte-americano "The New York Times" e a onipresente CNN.
O Welcom nasceu para atender as duas características chaves do mundo moderno: uma é a crescente integração, que faz com que eventos em um país às vezes distante causem ondas de choque generalizadas, como ocorreu em 94/95 com a crise mexicana.
A outra é a necessidade de rapidez na reação de empresas e governos. Mark Friedell, presidente da AVC (Advanced Video Communications), que desenvolveu o sistema em parceria com gigantes como a Intel e Swiss Telekom, diz que o Welcom é o único sistema interativo global.
Estações espalhadas pelo mundo permitirão conferências em tempo real entre pessoas que estejam, por exemplo, em São Paulo, Tóquio, Nova York e Moscou.
Videoconferências não são uma novidade. A diferença com o Welcom, além de equipamentos tecnológicos de última geração, está no conteúdo e no peso político-econômico de seus membros.
O conteúdo inclui uma biblioteca de documentos multimídia, com, por exemplo, um arquivo de discussões anteriores sobre o mesmo tema, para atualização de quem delas não participou.
Inclui igualmente consultas face a face com peritos da Escola de Governo John Kennedy, de Nova York, ou do mitológico MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusets). Ou acesso contínuo ao Museu Guggenheim, para acompanhar as mais recentes novidades no campo das artes.

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