São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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EUA pedem abertura mas fecham portas

DENISE CHRISPIM MARIN

DENISE CHRISPIM MARIN; DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Intenção do Brasil é tomar fôlego para seguir liberação sem prejudicar ainda mais economia

Os EUA querem maior velocidade na abertura comercial brasileira, mas mantêm suas portas praticamente trancadas a pelo menos 67 produtos do país.
A divergência entre Brasil e Estados Unidos flagrada durante os dois últimos eventos econômicos internacionais pode ser resumida em poucas palavras -acesso e preservação de mercado.
Os recursos usados -sobretaxas, tarifas altas, cotas ou barreiras sanitárias- são legítimos do ponto de vista do comércio internacional. Porém, afetam mercadorias com alto potencial exportador, como o aço e o suco de laranja.
Há pelo menos quatro meses, o Brasil insiste em ter fatia maior do mercado norte-americano e negocia a eliminação de barreiras. Até agora não conseguiu nada.
O governo brasileiro sustenta que a abertura já avançou e não haverá volta. Mas pondera que uma liberação maior de importações deve ser tomada com cautela.
Para Brasil, os principais setores produtivos do país não estão preparados para competir com os importados -em geral mais baratos e de melhor qualidade.
O governo quer tomar fôlego, preparar uma política de estímulo a 17 setores produtivos com potencial competitivo e só então continuar com a redução tarifária.
Essa tese não é aceita pelos Estados Unidos, que insistem em implementar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas, que prevê maior liberação do comércio da região) em 2005.
Automóveis
As divergências entre Brasil e EUA devem se acirrar no próximo dia 17, quando negociadores de ambos países enfrentam novas discussões sobre o regime automotivo na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Sem comentários
O presidente Fernando Henrique disse ontem, por intermédio de seu porta-voz, que não iria comentar as declarações do subsecretário para Assuntos Econômicos dos EUA, Stuart Eizenstat.
Em entrevista à Folha publicada ontem, Eizenstat disse que o governo brasileiro precisa promover "uma genuína abertura para nossas indústrias". Ele cobrou do Brasil uma abertura rápida da economia porque "o mundo está em uma corrida de curta distância e alta velocidade".
Segundo o porta-voz, Sérgio Amaral, FHC não vê razão para comentar a posição de um funcionário do governo dos EUA.
"Se o governo brasileiro tiver que dizer algo, cabe ao Ministério das Relações Exteriores fazê-lo", afirmou.

LEIA EDITORIAL sobre as tensões entre Brasil e EUA à pág. 1-2

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