São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Coração tribal; Magnéticos; Bruce Ewan; Big Gilson & Alan Ghreen; Fine Yong Cannibals

PEDRO ALEXANDRE SANCHES; EDSON FRANCO

Coração Tribal
O pop de Recife mostra mais uma de suas faces com a estréia da banda Coração Tribal, em disco homônimo (Virgin). Possível dissidência da filosofia do mangue, a banda abandona as antenas globalizadoras dos conterrâneos e investe em algo como uma mistura em tempo de reggae de Olodum com Cidade Negra (mas de produção sofisticada). Coincidindo com a morte de Chico Science, o lançamento não rende mais que amargura.
(PAS)

Magnéticos
"La Kukaratcha Wave Music" (Excelente), CD de estréia da banda curitibana Magnéticoss (com dois esses mesmo), é um escândalo, no mau sentido. Reúne defeitos recolhidos dos Mamonas Assassinas (gracinhas sem graça) aos metaleiros (peso roqueiro conflitante com o bom humor). Cantando sempre em portunhol infame, confunde globalização com o lado mais escroto da cultura Mercosul, em resultado difícil de digerir.
(PAS)

Bruce Ewan
O que é bom para os EUA é bom para o Brasil, certo? Errado. Prova é o CD de blues "Mississippi Saxophone" (Movieplay), gravado pelo cantor e gaiteiro americano Bruce Ewan com o trio do guitarrista brasileiro André Christovam. A produção asséptica deixou o trabalho sem alternâncias. Apesar da boa voz, o canto carece da sinceridade exigida pelo blues. Com base criativa, Christovam salva a pátria em "Mean Old Train".
(EDSON FRANCO)

Big Gilson & Alan Ghreen
"Yellow Mojo Blues" (Eldorado) é um CD que coloca o blues nacional na era do acústico. Gilson e Ghreen são, respectivamente, guitarrista e pianista da banda Big Allanbick. Com a ajuda de blueseiros cariocas, conseguiram provar que clássicos eletrificados podem funcionar sem uma tomada, caso de "Hideaway", de Freddie King. Apesar de nada acrescentar ao estilo, o trabalho é uma festa que faz doses de alegria blueseira saírem pelas caixas.
(EF)

Fine Yong Cannibals
Na enxurrada de coletâneas que as gravadoras despejam nessa época árida do ano, "The Finest" (PolyGram), dos Fine Young Cannibals, vem limpar a barra no setor anos 80 da nostalgia.
Vê-se aqui que o trio britânico reunido em 1985 soube recolher todos os clichês daquela década (mais alguns de outras) para recombiná-los usando a inteligência como cimento. Tomaram ingredientes como rock, disco music, funk, vaudeville e arranjos de comercial de cigarro, para colocá-los a serviço da velho e boa soul music.
Para isso, os rapazes se valeram da voz de Roland Gift, incomumente parecida à do colossal soulman Al Green, e da vontade de parecer com Sam Cooke, o que fica evidente na coletânea em "Tell Me What" (87).
Para o mesmo fim, selecionaram covers irrepreensíveis, como "Suspicious Minds" (85), sucesso com Elvis Presley, e "Ever Fallen in Love" (87), dos Buzzcocks (um escândalo, no bom sentido).
Mas, falando em anos 80, nem é por essas e outras que "The Finest" compensa: o CD abre com o "greatest hit" dos FYC, "She Drives Me Crazy" (88), clássico absoluto dos anos 80.
Por fim, para disfarçar a falta de novidade, incluem-se três mixes inéditos (armadilha para colecionadores que agora as gravadoras deram de inventar). Entre essas, o soul à Al Green "The Flame" mostra a falta que os FYC têm feito aos 90. (PAS)

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