São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Ato em Belgrado termina em choque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia voltou a enfrentar os manifestantes sérvios ontem, pelo segundo dia consecutivo, e o líder da oposição do país disse que foi alvo de um atentado, tornando mais tenso o ambiente no país do sudeste da Europa.
Aparentemente, parte dos manifestantes está abandonando o caráter pacífico de seu protesto contra o governo socialista.
Ontem, após uma passeata no centro da cidade, cerca de 200 manifestantes começaram a atirar pedras e garrafas contra os policiais, que já se retiravam.
Segundo relato da agência de notícias "Reuter", os soldados mantiveram-se na defensiva por alguns momentos, até que finalmente revidaram, passando a perseguir os ativistas.
Vários manifestantes, presos, foram agredidos pelos policiais. Não há relatos de mortos ou feridos graves. A rádio da oposição informou que foram quatro presos e um ferido.
Os militantes que entraram em choque participavam de uma manifestação do grupo oposicionista Zajedno (Unidos, em sérvio) que reuniu cerca de 80 mil pessoas na capital sérvia, Belgrado.
A manifestação de ontem foi uma tentativa da Zajedno de mostrar que a violência da polícia no dia anterior não os intimidaria.
Mas Vuk Draskovic, líder do grupo, anunciou que as passeatas agora serão feitas de dia, para evitar que a polícia aproveite a escuridão para agredir os manifestantes.
A Zajedno reivindica o poder em 14 das 18 principais cidades da Sérvia. Segundo observadores internacionais, o grupo de oposição ao presidente Slobodan Milosevic conquistou essas prefeituras nas eleições de novembro.
O governo de Milosevic anulou as eleições, o que iniciou os protestos, quase diários. Na noite de anteontem, ocorreu o incidente mais sério da atual onda de manifestações. Choques com a polícia deixaram pelo menos 80 feridos.
Ontem, o Ministério do Interior sérvio confirmou a prisão de 18 pessoas, acusadas de perturbar a ordem. Para tornar mais caótica a situação, motoristas de táxi fizeram manifestação pedindo mais segurança.
Draskovic pediu ao Exército que intervenha na crise, impedindo "o crime que está sendo cometido nas ruas de Belgrado". O Exército vem anunciando que se manterá neutro na crise.
Draskovic disse ainda que foi alvo de um atentado logo após a repressão à manifestação de domingo. "As balas zuniam por todas as partes. Trata-se, sem dúvida, da aplicação do roteiro do meu assassinato", disse à rádio da oposição.
A Zajedno teme que a onda de violência policial preceda a decretação do estado de emergência.

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